O homem, de forma geral, combate a droga por ser nociva à saúde física e mental. Pois bem: vou colocar o ódio no mesmo patamar de uma droga potencialmente nociva e destruidora.
Assim como a droga, o ódio também vicia, causa a dependência psicológica, que é caracterizada por um estado mental da necessidade de ressentir sensações de decepção.
A “overdose” de ódio também pode matar a si mesmo (depressão, suicídio, câncer, infecções, doenças autoimunes, acidentes automobilísticos, paradas cardíacas e respiratórias, etc.) e aos outros (assassinatos, latrocínios, etc.).
A compulsão para odiar, assim como a compulsão para usar drogas, se caracteriza por um estado de obsessividade e submissão que escraviza a vontade e submete o desejo da pessoa. Em alguns indivíduos a compulsão para odiar é mais forte que sua vontade de amar, perdoar e até de viver – o ódio é que comanda sua vontade e seu corpo.
Como disse o escritor irlandês Joseph Murphy (1898-1981), “a personalidade odiosa, frustrada, distorcida e deformada está fora de sintonia com o Universo. Inveja os que têm paz, são felizes, generosos e alegres. Geralmente critica, condena e difama aqueles que lhe demonstraram generosidade, bondade e compaixão. Assume a seguinte atitude: ‘Por que ele deve ser tão feliz se eu sou tão desgraçado?’. Deseja atrair a todos para o seu próprio padrão de vida. O seu infortúnio necessita companhia”.
O pensamento do viciado em ódio e suas expectativas giram, principalmente, em torno de uma maneira de odiar mais, de se apegar mais ao objeto de seu ódio e encontrar uma forma de espalhar este sentimento negativo em volta de si mesmo. Assim, atolando-se no “pântano” da autopiedade, o odiodependente corre o risco de entrar num estado agudo de depressão, que poderá levá-lo, consciente ou inconscientemente, a uma forma de autoeliminação – suicídio, acidentes ou doenças. Nesta fase, o ódio já ocupa o lugar central em sua vida e o submete de forma completa. Como disse o escritor norte-americano Hosea Ballou (1771-1852), "odiar é punir-se a si mesmo".
Na década de 30, o médico e psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) já falava sobre a importância do ódio nos desequilíbrios – tanto mentais quanto físicos – do ser humano.
É sempre bom lembrar que a pessoa que muito odeia é porque está com seu amor “ferido”, machucado, pisado.
E como tratar o odiodependente?
Aqui entram minha experiência como psicoterapeuta e clínico e minha forma de tratament geralmente, assim como os viciados em drogas, os viciados em ódio não querem ajuda e fazem sofrer as pessoas que com eles convivem. (continua)
(*) Psicoterapeuta clínico, palestrante e escritor
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