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Centenário do nascimento do Monsenhor Juvenal Arduini

Em 28 de novembro deste ano, comemoramos o centenário do nascimento do Monsenhor Juvenal Arduini

Mário Salvador
Publicado em 10/12/2018 às 20:13Atualizado em 17/12/2022 às 16:19
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Em 28 de novembro deste ano, comemoramos o centenário do nascimento do Monsenhor Juvenal Arduini, que morreu aos 94 anos. Com ele, tive um convívio muito singular. Sempre pude contar com sua colaboração, especialmente quando fui presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, associação literária, hoje com 56 anos, fundada por ele, Edson Prata e José Mendonça, com o objetivo de reunir e valorizar escritores triangulinos.

Mas o meu relacionamento com ele é bem mais antigo. Fui coroinha da Paróquia da Adoração Perpétua, no tempo das missas em latim: Introibo ad altare Dei. Ad Deum qui laetificat juventutem meam. (“Subirei ao altar de Deus. Do Deus que alegra a minha juventude.”) E eu era sempre escalado para a missa das nove, aos domingos, celebrada por ele. A igreja ficava lotada de fiéis, vindos de todos os cantos da cidade, de todas as classes sociais. Todos o ouviam com muita atenção quando, na homilia, ele ocupava o púlpito por cerca de quarenta minutos. E trabalhava com primor o verbo, levando a Palavra de Deus aos ouvintes. E terminava o sermão molhado de suor.

Após a missa, os fiéis ainda queriam ouvir o pastor, pedir-lhe conselhos, cumprimentá-lo pela boa-nova que ele havia lançado em seus corações. Eu, ainda pequeno, ficava admirando como todos amavam esse homem.

Como diretor do Jornal da Manhã, passei a receber a visita do escritor, filósofo, antropólogo e mestre Monsenhor Juvenal, nas manhãs de sábado. Ele ia à sede do jornal levar seus artigos, que eram publicados aos domingos. Eu jamais perdia a oportunidade de trocar ideias com ele, ouvir novidades e conversar com ele sobre os últimos acontecimentos.

Monsenhor Juvenal participava de todas as reuniões da Academia, no último sábado do mês, e apreciava especialmente o convívio com seus colegas fundadores. Porém, como sempre celebrava missa na capela do Hospital São Domingos, retirava-se da reunião da Academia antes do término.

Um fato marcante envolvendo Monsenhor Juvenal se liga à Associação Comercial e Industrial de Uberaba, da qual fui diretor por um bom tempo. Juvenal desejou criar a nossa Faculdade de Ciências Econômicas. Traçados os planos, a entidade procurou o MEC, que, apesar de todo o processo estar absolutamente certo, não autorizava o funcionamento da faculdade.

O presidente da Aciu, então, reuniu alguns diretores e foi ao Rio de Janeiro resolver a questão. O responsável pela área explicou: no quadro de professores havia nomes não aceitos pelo MEC. Para a faculdade receber a licença para funcionar, era preciso trocar esses nomes. Dentre eles estava o do corajoso e sábio Monsenhor Juvenal, defensor dos excluídos. Esse intelectual já incomodava os figurões daquele tempo. Mas a primeira turma de alunos homenageou esse ídolo, criando o Diretório Acadêmico Juvenal Arduini.

Após meus 11 mandatos à frente da ALTM, traduzidos em 22 anos de luta, fazendo um balanço, eu imaginei que poderia ter feito um pouco mais... Porém, numa visita ao Monsenhor Juvenal, ele me disse, muito entusiasmado, estas palavras, das quais nunca me esqueci: “Você fez um bom trabalho!” E se, às vezes, me bate uma dúvida sobre o que fiz ou deixei de fazer pela Academia, fico com os dizeres de Monsenhor Juvenal, meu saudoso amigo.

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