ARTICULISTAS

O fim é o início?

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 17/09/2018 às 08:32Atualizado em 17/12/2022 às 13:31
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Ouvindo a música “Águas de Março”, composta por Tom Jobim no final dos anos 50, concentrei-me nos versos iniciais que assim diziam: “É pau, é pedra, é o fim do caminho... é um resto de toco, é um pouco sozinho,... é um caco de vidro, ... é a vida, é o sol, é a noite, é a morte, é o laço, é o anzol...”. Tive que parar, fechar os olhos e repassar em minha memória um pouco daquilo que aprendi com alguns Mestres em minha adolescência, mocidade e também em minha fase adulta.

Lembro-me como se fosse hoje, do inesquecível Professor Guimarães, responsável pela matéria de Português, nos áureos tempos do Colégio Castelo Branco, sentado em sua mesa, com os óculos quase na ponta do nariz, quando pediu para que fizéssemos a interpretação da letra dessa encantadora música.

Naquela época, com meus quatorze anos de vida, lembro-me bem, aos encantos da adolescência, consegui ver e enxergar nessa imortal poesia de Jobim, a vida, a liberdade do vento, da promessa de vida nos nossos corações. Falando da morte como o fim do caminho assim como a noite é o fim do dia, porque se perdermos nossos sonhos e nossas esperanças seria o fim da ladeira nessa longa estrada da vida.

Hoje... já vividos bem mais que sessenta primaveras, ouvindo novamente a música, analiso cuidadosamente cada verso do poema nela inserido, viajando em pensamentos nesse “fim da ladeira”, aparentemente um “grande nada” ou uma areia movediça que iremos encontrar o fim do caminho.

Para alguns existe o tal destino que ninguém pode mudar, mas o livre arbítrio dado por Deus nos concede o que decidir ou sentir nessa jornada chamada vida.

Para mim a morte é ao mesmo tempo um fim e início, uma renovação que às vezes traz preocupação de nos mantermos “vivos”. Ela nos dá a esperança e a promessa da evolução, pois não acredito na estagnação e na ilusão de que toda nossa evolução espiritual seja somente isto que vivemos aqui...

Tudo nos leva a crer, que somos seres a viajar pelo universo rumo ao ponto mais alto no gráfico divino, até alcançar o topo da montanha da vida, onde tudo o que vamos vivenciar é o amor puro, dentro da evolução planejada por Deus.

Assim nos resta caminhar e navegar na agitação do nosso dia a dia, nadando contra a maré das dificuldades apresentadas, que às vezes nos impede de vivenciar um verdadeiro amor... mas, precisamos vencer as tempestades até encontrar o próximo farol, onde Deus na sua infinita sabedoria nos permitirá caminhar por novos campos... sentir novos perfumes, viver novos sonhos e talvez quem sabe, reencontrar quem um dia fez parte de nossas vidas nesse plano espiritual.

(*) Marco Antônio de Figueiredo – Articulista e advogado  

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