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Sem eles

De futebol quase nada entendo. Não torço para nenhum time, sei o que é pênalti, escanteio

Márcia Moreno Campos
Publicado em 22/07/2018 às 17:06Atualizado em 17/12/2022 às 11:43
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De futebol quase nada entendo. Não torço para nenhum time, sei o que é pênalti, escanteio, falta, tiro de meta, e sempre me confundo nos impedimentos. Mas Copa do Mundo é diferente. Um espetáculo mundial que pretende ser de união, solidariedade, demonstrações culturais diversas, patriotismo verdadeiro e um bom motivo para vestirmos a camisa do nosso país. Acompanhei de perto a maioria dos jogos, sensibilizada com a imagem dos jogadores, abraçados, ouvindo os Hinos de suas pátrias. E é exatamente essa imagem, de times unidos e coesos, que quero ver perpetuada. Porém, o que mais se alardeava nos canais de televisão eram as figuras isoladas dos ditos melhores do mundo, a saber: Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar Júnior, que mesmo com todo esse destaque, ou até por causa dele, não conseguiram levar seus times à final da Copa. Prevaleceu o que tinha que ser. Um time de futebol, que é um esporte coletivo, depende de seus onze jogadores. É preciso muito mais do que estrelas isoladas. Um bom jogo requer entrosamento, cooperação, treino, intimidade entre os jogadores e espírito de equipe. Com cada vez mais frequência, as seleções só se encontram às portas da Copa e aquela familiaridade entre os jogadores, as manhas, os passes certeiros, o companheirismo, ficam relegados a segundo plano. Valoriza-se o indivíduo mais que o time. Não funcionou e essa foi a grande lição da Copa, juntamente com a ideia de que disciplina é uma forte aliada do talento.

No Brasil são muitos os exemplos de como o indivíduo se sobrepõe ao coletivo, por vaidade, voluntarismo e dificuldade de se pensar no todo. No próprio Supremo Tribunal Federal, o que impera é a insegurança jurídica, ditada por sentenças que dependem de quem as prolata, independentemente do que já foi decidido pelo Pleno. Também está em curso uma guerra entre Poderes, com o Legislativo aprovando pautas bombas em flagrante retaliação ao Executivo, e que se danem todos nós. Cada qual pensa que é único e age com total desprezo pela comunidade, ignorando consequências como se não fossem responsáveis por elas. O próprio ato de poluir, prejudicar o meio ambiente e desperdiçar recursos naturais mostra o quanto nos alienamos dos problemas que ao fim e ao cabo afetam toda a humanidade.

Que a ideia do coletivo prevaleça, já e permanentemente. Carecemos de líderes para conduzir a nação, e não de falsos super-homens, que prometem mundos e fundos como se as soluções de todos os problemas só dependessem de suas bravatas individualistas. Somos, cada um de nós, responsáveis por manter a ordem, a disciplina, as instituições e a esperança. Precisamos agir como parte, e não como seres únicos e superiores.

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