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Se for dirigir...

No Brasil temos leis que foram feitas para pegar e outras que, literalmente, não têm efeito

João Eurípedes Sabino
Publicado em 20/07/2018 às 17:30Atualizado em 17/12/2022 às 11:40
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No Brasil temos leis que foram feitas para pegar e outras que, literalmente, não têm efeito sobre os mortais. Acostumado a dar de ombros para tudo que lhe determine atuar dentro de normas, o brasileiro agora vê a lei seca secar mais ainda. Complicou para o motorista a ingestão de bebida alcoólica seguida de um volante. “Se for dirigir, não beba, e se beber, não dirija”. Esse é o trocadilho ou bordão mais coerente que conheço, apesar de muitos insistirem na sua desobediência.

Recebi, nas últimas horas, uma foto de um fôlder, publicada em redes sociais que, segundo consta, é oriunda do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal. Ei-la: “Beber ou dirigir – decida antes de sair”. Duas cervejas ou uma dose de bebida destilada podem custar em média a bagatela de R$9.730,07. Tudo isso engloband notificação, guincho, diárias do veículo em pátio, fiança na polícia, custas judiciais, etc., sem acrescentar a “dose” pesada de aborrecimentos posteriores. Agora sim, até um Biotônico vai exigir cautela antes de ser bebido.

Defendo o rigor da lei e a firmeza na sua aplicação.

Intuição ou não, permitam-me transcrever aqui uma historieta que ocorreu comig estava em casa e, minutos antes de sair, preparei uma pequena taça para fazer um aperitivo, já que depois almoçaria num restaurante. Embiquei a garrafa de aguardente fabricada por um amigo, mas, antes de o líquido escorrer, parei subitamente. Não! Não vou beber! Disse a mim mesmo e desisti do propósito. Guardei garrafa e taça. Saí em seguida.

No caminho, seguia um ônibus à minha frente que passou direto num semáforo. Segui no seu vácuo, achando que ele estaria no verde. Grande engan o baita passou no final da luz amarela e, devido à sua grande altura, não vi que o sinal avermelhou. Incontinente, ouvi uma sirene. Era a PM e fui determinado a encostar. Procedimentos feitos, lavratura de auto de infração por avanço de sinal e um bom diálogo com os policiais. Lembro-me que um deles me observava sem nada dizer, enquanto o outro falava. E se eu tivesse tomado a suculenta dose de álcool?

Mesmo não tendo sofrido sanções severas, aquele episódio passageiro estragou minha tarde. Um teste de bafômetro me reprovaria e o episódio não estaria sendo narrado. Portanto, ouçamos o nosso coraçã “Se for dirigir, não beba...”, já que as consequências custam muito mais do que R$9.730,07.

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