Depois de iniciada a Lava-Jato, operação policial ainda em curso, que desbaratou quadrilhas de políticos e empresários, notadamente empreiteiros, pouco mudou no Brasil. A sensação gloriosa de vê-los presos ou usando tornozeleiras eletrônicas é substituída por uma impotência doída ao ver como o dinheiro armazenado ilegalmente compra os mais caros advogados que, usando de todos os meios, fazem chegar recursos até a mais alta corte de Justiça do país, onde muitos são soltos. É com pesar que continuamos descobrindo, depois de tudo, esquemas e mais esquemas de corrupção espalhados em todas as áreas do país. Educação, segurança, saúde, merenda escolar, lixo, cemitérios, transporte, propaganda, tudo dominado. Apenas os ratos ficaram mais atentos e articulados tentando com sua força política abrandar leis e amaciar consciências. Desde que não lhes faltem regalias, luxo, ostentação e a segurança que o dinheiro pode comprar, vale tudo. Para esses, dinheiro público é dinheiro sem dono. Ledo engano.
Pobre raça humana. Desprezo esses crápulas, sanguessugas de sonhos, esperanças e vidas. Covardes, bandidos travestidos de mocinhos que quando em postos de comando colocam seus acólitos, seus iguais, em posições estratégicas para surrupiar recursos que não lhes pertencem. E são aceitos pela sociedade, idiotas que somos. Sem perdão. Não importa o montante desviado, o crime é o mesmo. Surrupiam recursos que seriam usados para socorrer os menos favorecidos e enchem os bolsos de dinheiro sujo, manchado com o sofrimento dos seus semelhantes. Qualquer forma de desvio de recurso público é crime que, se não for punido por nossa Justiça morosa e condescendente, será com certeza punido pela lei do retorno. Seja ganhando comissões milionárias em intermediações de negócios entre o público e o privado; seja recebendo caixa dois ou favorecendo seus interesses particulares, estão cometendo delitos graves que só os rebaixam perante a humanidade.
Tivemos avanços, sim. Mas ainda falta muito para chegar ao ideal de conduta. Sussurros, encontros clandestinos, esquemas e conchavos persistem, mantendo intactas as panelas dos sem caráter. Extirpá-los exige atenção, vigilância e união dos bons.