Amigo leitor, o tema é esse mesmo. A expressão, ao que consta, foi dita e idealizada por Nelson Rodrigues, teatrólogo, jornalista, romancista, folhetinista e cronista de costumes e de futebol brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil - Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980 -; ainda, um tremendo de um frasista de primeira grandeza, de uma percepção e respostas rápidas, como um raio fulminante – deveria ter sido advogado criminalista.
Referido termo teve como centro o espírito esportivo de inferioridade dos jogadores da seleção brasileira de 1958, ante aos jogadores europeus, também, a perda do Mundial de 1950, em pleno estádio do Maracanã, surgindo o efeito “maracanazo”, de triste memória.
Pois bem, o escritor e economista Eduardo Giannetti, recentemente, retirou a frase da gaveta e resolveu escrever um livro intitulad O Elogio do Vira-Lata e Outros – Ensaios, que acabou de ser publicado pela editora Companhia das Letras. No livro, o escritor diz que tem o maior orgulho de ser um vira-lata. Também, faço coro, ou seja, sou e tenho a maior honra e orgulho de ter nascido onde nasci, dos meus pais e irmãos. Aliás, o verdadeiro brasileiro, ante essa miscigenação de raças e culturas, pode se dizer também um vira-lata. Transportando o termo para o cachorro vira-lata, quem desconhece suas qualidades de bom caçador e vigia, come qualquer coisa, não necessitando de ração dez a quinze reais o quilo, não engasga quando come osso de qualquer espécie, dorme em qualquer lugar, enfim, perfeitamente adaptado às intempéries de qualquer natureza.
Voltando, novamente, para o ser humano vira-lata, à nossa realidade, temos um “pequeno” problema quando ocorre o chamado deslumbramento com o sucesso no campo profissional, material, etc. e etc. Aí é que o bicho pega!
Vou citar como exemplo o Lula, veja o que ocorreu com esse cidadão, um verdadeiro vira-lata, veio do nada, lutou como ninguém para chegar aonde chegou e veja no que deu. O que ocorreu? O tão chamado e propalado deslumbramento com as benesses do cargo que conquistou, achando-se acima da lei, que poderia fazer o que bem entendesse. Hoje está preso, curtindo uma cadeia danada, e, talvez, nunca volte a ser o que foi!
Temos outros exemplos. Veja a atual seleção brasileira de futebol, tem jogador que faz escova no cabelo para entrar em campo; meu Deus!! Fazer escova para entrar em campo; belos carrões, exibindo de toda maneira. O craque Neymar com aquele cabelo horroroso, parecendo uma ninfeta da Marcus Cherém, se é que nessa famosa avenida tem ninfeta! No campo jurídico, onde atuo, existem coisas inexplicáveis. Recentemente, numa cidade vizinha, tinha um magi$$trado, ops, desculpa, magistrado, que exigia que um servidor passasse folha por folha do processo para fazer sua leitura!! Em alguns casos, já deparei com Excelências arbitrando fiança para morador de periferia que recebe algo em torno de 1,5 salário/mês, no importe de 5.000,00 a 10.000,00 reais para conseguir sua liberdade. O que é isso? Que falta de sensibilidade! O pior, fazendo a retrospectiva do Julgador, denota-se que estudou com muita dificuldade, não foi fácil chegar lá. Mas esquece seu passado de vira-lata, a origem humilde, do estudo, as vezes fazendo uso de bolsa, etc. e etc. Pense nisso! Reflita!! A conta, do verdadeiro acerto com o Criador, um dia chega. Tenho dito!!
