ARTICULISTAS

Vamos nos acostumando...

Dizem que nos acostumamos até com as coisas boas porque as ruins são tão inevitáveis

Márcia Moreno Campos
Publicado em 29/04/2018 às 12:13Atualizado em 16/12/2022 às 04:10
Compartilhar

Dizem que nos acostumamos até com as coisas boas porque as ruins são tão inevitáveis que vão se incorporando às nossas vidas e viram destino. Dessa forma, seguimos achando normais situações que, se bem analisadas, não poderiam sequer ser admitidas. Foi assim que me acostumei a cair todos os dias no mesmo buraco, na esquina da rua Padre Zeferino com Aristides Borges, ao voltar de carro para casa. Isso há seis meses ou mais. Antes de fazer a curva já o avisto, parece que rindo da minha cara e esperando com qual das rodas vou cair nele, se a da frente quando tem algum carro estacionado e não posso abrir muito, ou a de trás quando consigo evitar o primeiro baque. Essa rotina já faz parte do meu cotidiano. Mesmo acostumada a ela, fico me perguntand por que será que paguei meu IPTU e IPVA em dia? Por que será que já fiz, já entreguei e já paguei meu Imposto de Renda? Onde está o retorno? Quantos pneus mais terei que trocar por cair em buracos? Cumprir obrigações tributárias é dever de todo contribuinte e enrolar esses mesmos contribuintes é prerrogativa do Estado. Como é que pode uma Prefeitura deixar buracos enormes em suas ruas por tanto tempo e gastar com outras coisas, a meu ver, bem menos importantes. Querem atrair empresas para a cidade, mas não arrumam a casa. Arrancar um elogio de visitantes é missão impossível.

E a vida segue nos fazendo acostumar com uma série de situações, como se inevitáveis fossem. Por exemplo, não receber correspondências em dia e conviver com o monopólio de uma empresa estatal denominada Correios, ineficiente e cabide de emprego de apadrinhados. Vamos nos acostumando com a corrupção na política, a insegurança, as injustiças travestidas de embargos, o trânsito caótico, a falta de compromisso, o descumprimento da palavra empenhada, promessas vãs. Chegamos a achar normal o quarteto instalado no Supremo Tribunal Federal que de forma orquestrada livra corruptos da cadeia. As indicações políticas para cargos técnicos e as desculpas esfarrapadas para manter o foro privilegiado que no Brasil contempla 58 mil pessoas parecem não nos incomodar. Ah, infelizmente nos acostumamos com tudo. Difícil mesmo é acostumar com a ausência, por morte, de um ente querido, um amigo de fé.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por