Ô dó!

O que é a inveja? Seria a síntese do perfil daquele que não faz melhor e só desmerece quem tem capacidade para criar?

No dicionário constatei que o prefixo “in” antecede a centenas de vocábulos do nosso léxico. Adivinhem se lá no meio está o substantivo feminino “inveja”. Segundo Aurélio Buarque de Holanda, a dita palavra quer dizer: “Desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outrem. Desejo violento de possuir o bem alheio”.

Sem a intenção de estabelecer trocadilhos, “in” “veja” poderia ser, digamos, aquele que a si mesmo não vê? Só pode, porque nenhum invejoso é capaz de olhar a si mesmo e ver o mal que causa com suas investidas. No fundo, o olho gordo inveterado merece dó, por ser um sofredor. É refém de pensamentos da péssima índole por desejar o mal ao semelhante sem clemência. Sofre de paranoia sem cura.

Se as nossas orelhas ardem, tem inveja no pedaço, dizem. Os que a nutrem, se bem pensassem, dariam um pouquinho de atenção à frase da música Bumerangue Blues, do gênio Renato Russ “Tudo o que você faz, um dia volta pra você. E se você fizer o mal, com o mal um dia você vai ter de viver”. Triste não?

Depois de me ingressar na terceira idade, passei a perceber que o invejoso falseia a verdade a si mesmo. Mente que deseja o bem do outro, mas, por dentro, não!!! É um mitômano por excelência. Ô dó!

Li, não me lembro onde, ótimo texto didático que contém a assertiva: “Os homens são, geralmente, dispostos por natureza a invejar aqueles que são felizes e a invejá-los com um ódio tão maior quanto mais amam a coisa que imaginam na posse do outro”. Precisa mais?

Do mesmo bom text “A inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o Sol... (Metamorfoses – Ovídio)”. O sol de Ovídio, a meu ver, é o valor do outro que o invejoso não vê. Ainda bem que “não há mal que sempre dure”, me lembrou um dos amigos do meu grupo.

Finalizand “Quem cuida do êxito alheio, gasta exatamente a energia que usaria para crescer”, eis a questão. Fico me perguntand qual será a visão que Deus tem do invejoso e do invejado?