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Famílias em perigo

Autoridades já deveriam ter legitimado leis mais severas visando à redução do contexto de risco que ocorre para mulheres...

Mário Salvador
Publicado em 10/04/2018 às 07:59Atualizado em 16/12/2022 às 04:54
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Autoridades já deveriam ter legitimado leis mais severas visando à redução do contexto de risco que ocorre para mulheres que, na expectativa de constituírem uma família, acabam maltratadas pelo companheiro.

A Lei Maria da Penha não refreou essas agressões físicas extremamente violentas, ou assassinatos, inclusive com a ocultação de cadáver, como o fez o goleiro Bruno. E determinar que o homem se distancie da mulher por pelo menos trezentos metros não tem impedido que ela seja novamente espancada ou, pior, assassinada.

Assim, não se passa um dia sem que a mídia divulgue investidas de um homem contra sua companheira. A mídia também tem publicado relatos dos espancamentos e imagens impactantes de mulheres com o corpo tomado por hematomas, ferimentos e cicatrizes.

Apesar de as autoridades aconselharem que a mulher denuncie o companheiro agressor, a fim de que seja amparada, há casos em que ela, já na delegacia, desiste de apresentar a queixa, por temer a ira do companheiro.

Num caso recente, vizinhos ouviam diariamente os gritos de uma mulher que era espancada, além de proibida de sair de casa. Ciúme ou prepotência? Numa de suas saídas, o companheiro esqueceu o celular em casa – brecha de que se valeu a mulher para fazer uma ligação pedindo socorro à irmã.

Acionada, a polícia levou algum tempo para capturar o agressor, que se trancou em casa com a mulher, que apresentava lesões por todo o corpo.

Esse homem, que já havia sido condenado por ataques à companheira anterior (e que, por isso, ela se separou dele), se houvesse sido detido por essa agressão, não teria cometido novos crimes. E, se não for detido desta vez, provavelmente incorrerá em crime semelhante.

Covardia não pode ser julgada pelas autoridades com benevolência. Impunidade enseja novos delitos. Urge garantir proteção de fato às mulheres corajosas que denunciam agressão. Para muitas, já é tarde: já saldaram com a vida a busca pela dignidade.

(*) Mário Salvador

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