ARTICULISTAS

O acaso

Deus não joga dados com o universo, disse certa vez Albert Einstein, querendo com isso asseverar

Márcia Moreno Campos
Publicado em 01/04/2018 às 12:39Atualizado em 16/12/2022 às 05:08
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“Deus não joga dados com o universo”, disse certa vez Albert Einstein, querendo com isso asseverar que não existe acaso. Já o não menos gênio Stephen Hawking defendeu em um de seus livros que Deus não tem lugar nas teorias do universo e que este é fruto de um feliz acaso. Deixando de lado a ciência, na nossa vida, não sei se acredito em acaso. Todavia, na política, em particular, sei que ele não existe. Tudo é programado e acontece como sói acontecer.

A recente reunião dos ministros do Supremo Tribunal Federal para conceder ou não um habeas corpus a favor de um ex-presidente da República à beira de ir para a cadeia é prova inequívoca de que o jogo tem cartas marcadas, figurinhas carimbadas e privilégios ostensivos. Ora, se existe uma decisão prolatada por essa mesma Corte em 2016 de que a condenação em segunda instância, esgotados os inúmeros recursos protelatórios, é a ocasião de se fazer cumprir a pena, por que analisar um habeas corpus sobre a mesma matéria, e no plenário? Não bastaria uma decisão negativa de uma das turmas por se tratar de tema já debatido e concluído? Para nós, que acreditamos no devido processo legal, na lisura dos comportamentos e na palavra empenhada, o assunto estava sepultado com a negativa veemente da presidente do STF de pautar novamente o que ficou decidido lá atrás, e que, portanto, deveria ser cumprido à risca. Mesmo assim, assistimos esperançosos a mais uma encenação midiática onde o acaso não tem lugar. Previamente decidido, adiaram o cumprimento da pena. E lá vamos nós de novo, sentar em frente da televisão no dia 4 de abril para ver mais um espetáculo, manter a torcida, mesmo sem entender os extensos votos, com nossa esperança se esvaindo aos poucos. Quando eles querem, eles podem.

Quantas vezes nos indignamos, escrevemos, gritamos e não obstante todo o clamor, as coisas acontecem para favorecer os donos do Poder. O famigerado e milionário Fundo Partidário foi combatido por todos os não políticos, mas, em um drible certeiro e um só chute, foi aprovado e já distribuído entre os partidos. Enganam o povo, que tem memória curta, e seguem a trilha de benesses inconcebíveis e abomináveis. Aqui mesmo, em Uberaba, manobras foram feitas e num piscar de olhos vimos aprovados tanto o aumento do número de vereadores para a próxima legislatura quanto a revisão da planta genérica de valores dos imóveis, apesar de tantos argumentos contrários. Se existe o acaso, que ele não tarde a aparecer.

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