ARTICULISTAS

Tudo por um dedo

Há sete anos, em dezembro, recebemos a notícia: Foi iniciada uma guerra na Síria. Já são mais

Mário Salvador
Publicado em 20/03/2018 às 21:23Atualizado em 16/12/2022 às 05:27
Compartilhar

Há sete anos, em dezembro, recebemos a notícia: “Foi iniciada uma guerra na Síria. Já são mais de cem mortos.” E agora, em março, as Forças Armadas da Síria, contando com a aliada Rússia, promoveu um ataque a uma cidade próxima de Damasco, onde se entrincheiraram os rebeldes ou terroristas, enfim, os contrários ao governo sírio. Em 8 de março, já eram mais de 900 mortos e 4.500 feridos só nesse confronto e mais de 500.000 mortos na guerra síria. Milhões de sírios já deixaram o país, buscando abrigo em países vizinhos.

A ONU insistiu em uma trégua, para que fosse possível prestar socorro às vítimas. Porém, a Rússia, com seu poder de veto, demorou a acatar o pedido. Quando finalmente houve um acordo, cem caminhões da Cruz Vermelha foram socorrer os feridos. Mas, surpreendentemente, o Exército Sírio confiscou medicamentos de todos esses caminhões.

Ainda não nos saiu da memória a imagem daquela criança síria, uma sobrevivente de bombardeios, assustada e com o olhar perdido, ao ser resgatada, e nos surge outra fotografia tão marcante quanto aquela, feita quando um fotógrafo apontou a objetiva de sua máquina para captar a imagem de uma criança bem novinha, que levantou os bracinhos, num gesto de “eu me rendo”, pensando se tratar de uma arma.

A guerra sangrenta na Síria comove o mundo. E somos parte dele, então também estamos tocados por esse acontecimento. Isso só para citar um dos exemplos da dor que vive a humanidade.

Detalhes da cirurgia do dedo do pé do jogador Neymar tiveram maior cobertura da imprensa do que essa carnificina que acontece na Síria, como se a cirurgia fosse uma tragédia ou algo relevante para o país. Um jornalista comparou a repercussão desses dois acontecimentos na mídia mundial. “Memes” não faltaram para mostrar a indignação diante do cuidado da mídia com um assunto de tão pouca importância: “Alguém saberia me dizer se o comércio vai funcionar no dia da cirurgia do Neymar?”.

Gente tratada como celebridade parece ter cada parte do corpo como uma subcelebridade. Enquanto isso, o povo brasileiro, uma celebridade heroica que sustenta o país, vai sobrevivendo às intempéries da corrupção e não tem merecido o mesmo apoio. A que ponto chegamos!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por