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Intervenção no Rio

A impressão leva a crer que o Brasil está no caminho da Venezuela e do Egito. Pela dimensão

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 03/03/2018 às 10:40Atualizado em 16/12/2022 às 05:54
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A impressão leva a crer que o Brasil está no caminho da Venezuela e do Egito. Pela dimensão do nosso país, o desastre será muito maior, porque temos mais de duzentos milhões de habitantes. A falência da Venezuela provocou migração em massa em busca de condição humana de vida. Basta checar o que está acontecendo em Roraima. Suas cidades estão sendo invadidas por venezuelanos.

O sintoma sugere uma Nação sem rédeas, onde a ação humanitária não é o mais importante, e a violência toma conta dessa casa comum. O cinturão de pobreza atinge patamares extremos e as organizações criminosas fazem a farra. Não é com uma intervenção militar que tudo vai mudar. A realidade vai muito além, porque não se combate violência com violência.

A “casa comum”, o “templo”, o Brasil vai sendo “profanado”, como o Templo de Jerusalém no tempo de Jesus. Para purificá-lo, Ele usou de violência, com um chicote (cf Jo 2,15), não para combater a violência, mas para organizar a casa, que estava sendo desrespeitada. Transformaram o Templo em casa de negócios, e ele não era para isso, e sim espaço de espiritualidade do povo.

A adoração ao deus-dinheiro e o não investimento naquilo que dá dignidade para as pessoas ocasionam o que estamos assistindo e enfrentando hoje. Que nível de atuação e de investimento os nossos governos têm dado à educação, à saúde, ao lazer, ao saneamento básico, à formação para a cidadania, às classes mais pobres, à humanização das favelas, etc?

É lamentável o povo ter que assistir cenas de desconstrução social e decisões que não ajudam a sociedade. O uso da politicagem e de arranjos totalmente egoístas na busca de favorecimentos políticos e econômicos fere a autenticidade nacional. Isso se tornou tão grave a ponto de o governo decretar uma intervenção extrema num dos Estados da Nação, fato inédito na Constituição Federal.

Entendemos que há jogo de interesse em tudo que está acontecendo. Torcemos pelo total sucesso da intervenção, que vidas inocentes sejam poupadas e a ação não acirre ainda mais a onda de insegurança vivida pela população brasileira. Como diz o ditad “Só Jesus!”. Que Deus esteja presente no coração das pessoas para agirem com total respeito à vida.

(*) Arcebispo de Uberaba

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