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Autoridade e compaixão

Duas palavras envolventes na vida social. Dizemos que a autoridade, equiparada ao poder, normalmente deve vir de Deus, mas...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 10/02/2018 às 08:37Atualizado em 16/12/2022 às 06:26
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Duas palavras envolventes na vida social. Dizemos que a autoridade, equiparada ao poder, normalmente deve vir de Deus, mas, quando conquistada de forma legítima. É base para todo tipo de sociedade organizada, principalmente no âmbito do mundo político. A compaixão, ou compreensão do estado emocional, que temos do outro seja uma prática com intenção de aliviar os seus sofrimentos.

Compreendemos esse fato na vida de Jesus. Ele agia com autoridade, porque testemunhava com sua vida o que realizava. Suas palavras tinham força de ação e conquistavam o coração dos ouvintes e seguidores. Olhava as pessoas com compaixão, porque entendia os seus problemas e curava os doentes. Para Jesus, o ser humano e a sua dignidade estavam acima de quaisquer outros interesses.

A força de quem tem autoridade precisa levar em conta, também, o aspecto da compaixão e agir de forma integradora, olhando para a coletividade, sem discriminação. Não pode ser uma prática que desconhece a identidade da classe marginalizada. Assim fez Jesus, com poder infinito nas mãos, e sensível para com as pessoas mais vulneráveis e sofredoras da sociedade de seu tempo.

O poder e a autoridade de Jesus, e sua compaixão para com os doentes, levava-O a agir acima dos princípios da lei, porque a vida da pessoa humana está acima de qualquer normativa fechada e rígida. As leis de nosso país têm abertura para todo tipo de ação. São como “espadas de dois gumes”, capazes, inclusive, de condenar inocentes e libertar corruptos, fragilizando a força da ação jurídica.

A autoridade e a compaixão não podem ficar reféns da lei do mercado e da competitividade. Acima de tudo está a pessoa humana, que deve ser o valor maior. Na lei do mercado deve sumir quem não consegue consumir. Os marginalizados e pobres tornam-se peso e não se beneficiam da força da autoridade constituída, porque não age com compaixão, não conseguindo ver aí a dignidade pessoal.

Deus não deseja sofrimento e nem discriminação no meio do povo. A sociedade é de todos que dela fazem parte e os bens precisam ser socializados, e não acumulados desnecessariamente. Alguém viver marginalizado significa que o reino de Deus ainda não chegou completamente. A ação de Jesus, com sua autoridade e compaixão, era de incluir quem estava no mundo da exclusão.

(*) Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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