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Mineiros frouxos

Quando alguém se aventura a abrir uma empresa, a primeira advertência de amigos e profissionais da área...

Márcia Moreno Campos
Publicado em 04/02/2018 às 18:14Atualizado em 16/12/2022 às 06:38
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Quando alguém se aventura a abrir uma empresa, a primeira advertência de amigos e profissionais da área é para jamais atrasar ou deixar de pagar salários aos funcionários, seguindo à risca todas as normas trabalhistas. Caso contrário, a dor de cabeça será grande. O empregado, via de regra, é um exímio conhecedor dos seus direitos. Porém, não se pensava até um tempo atrás, que o descumpridor das regras trabalhistas viesse a ser ninguém menos que um governador de Estado, o petista Fernando Pimentel. Pois é. Esse governador mineiro adotou a prática controversa de atrasar e parcelar salários, aposentadorias e pensões dos servidores estaduais. Em um gesto de completa indiferença com o problema do outro, sequer pagou em 2017 o décimo terceiro salário, direito garantido do trabalhador. Difícil de aceitar. São vidas que estão sendo afetadas. Imaginem se isso acontecesse em uma empresa privada. Sindicalistas estridentes estariam no comando de manifestações e greves contra a elite dominante e os empresários desalmados. Mas como se trata de um dos seus, se calam.

Eleito com a ajuda de setores do funcionalismo estadual e com apoio contundente de prefeituras municipais como a de Uberaba, assim que o governador tomou posse já mostrou a que veio. Aumentou impostos estaduais, declarou que o Estado estava quebrado, mas sem se livrar de privilégios e mordomias mandou a conta para o funcionário. O voto é uma procuração que damos para sermos representados. Ele nos vincula ao eleito. Quando nos calamos em relação à má gestão do dinheiro público estamos dando um aval tácito a situações como essas que estão em curso em Minas Gerais.

A Assembleia Legislativa mineira conta com 77 deputados com salário de R$25.322,25, cada um deles. Além do salário ganham auxílio moradia de R$4.377,73 e verba indenizatória de R$27.000,00 por mês. Para gastar com funcionários recebem ainda R$96.235,65 mensalmente. Não acabou não. Existe ainda uma ajuda de custo no início e no final do mandato, além de outros penduricalhos, rotineiramente contestados pelo Ministério Público. Não os ouvi reclamar de atrasos.

Aquela percepção antiga de que o dinheiro público jorrava sem limites ficou no passado. Até mesmo ele é finito. Só não falta para os políticos. Gastos desenfreados, contratações desnecessárias, licitações duvidosas e incompetência administrativa levam qualquer setor, público ou privado, à bancarrota. Mineiros, nem sempre ficar quieto é a melhor solução.

Marcia Moreno Campos

 

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