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Mudar é preciso

Na Igreja dizemos a palavra conversão, mudança de vida, ao receber uma boa notícia

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 20/01/2018 às 18:39Atualizado em 16/12/2022 às 07:04
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Na Igreja dizemos a palavra “conversão”, mudança de vida, ao receber uma boa notícia. Essa foi sempre a proposta de João Batista na preparação para a chegada de Jesus Cristo. João dizia: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2). É referência a um passado e a um presente, a iminência de uma realidade nova, que exige também posturas renovadas de vida.

Determinadas mudanças necessitam de uma total varredura das peças ofensivas e prejudiciais. É o caso do Brasil, comandado por pessoas envolvidas com crime e marginalização. Portanto, peças não gratas, que orquestram maquinações de corrupção contra o povo e se estruturam para continuar no poder. Por isso, a população está no fundo do poço, neutralizada e sem força para agir.

Desde suas origens, o Brasil vem sendo roubado e assaltado pelas oligarquias do ter e do poder. Como dar um basta nisso sem o convencimento da força que o povo tem nas mãos. Sentimos que a população brasileira está neutralizada e sem estímulo para a organização, sem força de ir para as ruas e às urnas. Mais do que nunca, alguma coisa realmente séria tem que ser mudada no país.

Nínive era uma cidade infiel, mas convocada pelas palavras do profeta Jonas a um processo de conversão, e quem aceitasse seria salvo. A mudança foi total, atingindo, inclusive, o rei do Império dos gentios (Jo 3,6). A voz de Jonas precisa ser ouvida no Brasil, a começar por quem é privilegiado pela prática da corrupção, da desonestidade e gerador de pobreza e violência no país.

O termo conversão era frequente nas palavras de Jesus e tinha sentido de mudança de atitudes. Além de ser uma realidade pessoal, o era também na libertação social. Jesus não se conformava com a exploração feita aos pobres. Não deu principal atenção para os ricos e poderosos, porque seu deus é o dinheiro. Chegou a dizer: “Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração” (Mt 6,21).

O interessante é que a vida na terra é provisória e passa com tanta rapidez. Caminhamos para realidade definitiva, fora do tempo, que supõe sincronia com o provisório. Jesus confirma isso dizendo que Ele não quer a morte do pecador, e sim que ele se converta e viva. É impossível praticar a fé, a esperança e a caridade sem passar pelo caminho da mudança.

(*) Arcebispo de Uberaba

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