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Cutucar a onça

Estamos diante do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ocorrer dia 24/01/2018

João Eurípedes Sabino
Publicado em 19/01/2018 às 08:43Atualizado em 16/12/2022 às 07:06
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Estamos diante do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ocorrer dia 24/01/2018 no Tribunal Regional Federal, sediado em Porto Alegre (RS). Lula, absolvido ou não, já sabemos todos o que acontecerá: o país turbinará a fase de instabilidade interminável em que vivemos.

Não é propriamente sobre a condenação ou absolvição de Lula que me proponho comentar. Quero me ater à frase que, segundo consta, foi criada no tempo do nosso império, quando alguém, diante de uma situação delicada, impulsivamente afrontava quem não devia. “Cutucar a onça com vara curta” é, em síntese, comprar a última ficha do jogo. Se der certo...

Isso é o que vemos. Querem transformar o julgamento por um tribunal em ato absolutamente político. Se conheço um pouco do que seja a isenção do magistrado e o seu clima mental no ensejo de julgar, vejo que pressioná-lo através das ruas é bater em ferro frio. Aí é que entra o “cutucar onça com vara curta” atrelado a outro provérbio não menos popular: “O tiro sai pela culatra”. A onça não erra o seu bote e o cabo da arma estoura nas mãos do atirador. “Macaco velho não mete a mão na cumbuca”, deveria ser essa a conduta de Lula e seus seguidores.

Reflitamos: um desembargador federal sentado em seu “trono” num dos andares do tribunal, e, de cima para baixo, mirando as ruas cheias de correligionários lulistas, vai se intimidar? Não creio.

Tem sido corriqueiro assistirmos decisões judiciais serem combatidas aos quatro ventos, antes de merecer os devidos recursos. Querem derrocar a nossa segurança jurídica que, ao longo dos séculos, construímos. O devido processo legal? Ah! esse, querem transformar em peça decorativa.

O mestre Teddy Vieira escreveu que um mineiro demandava na justiça com um italiano. Mineiro vendo que perdia a causa, matreiramente deu ao juiz uma leitoa de presente, mas foi estrategista e enviou o agrado ao meritíssimo em nome do seu adversário. Resultad mineiro ganhou a demanda. Muitos admiram a esperteza do mineiro, sem ressaltar o ingrediente principal por ele usad o silêncio.

Se Lula fosse mineiro, por certo que antes e no dia do seu julgamento no TRF-4 não faria barulho e ordenaria a seus companheiros: fiquem todos em casa! Nada é mais eloquente do que o silêncio no momento oportuno.

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