ARTICULISTAS

Uma questão policial

A greve dos policiais militares e civis no Rio Grande do Norte nos instiga a pensar sobre os riscos

Mário Salvador
Publicado em 09/01/2018 às 20:46Atualizado em 16/12/2022 às 07:24
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A greve dos policiais militares e civis no Rio Grande do Norte nos instiga a pensar sobre os riscos de trabalho de um agente de segurança - profissional que, por lei, é proibido de entrar em greve. Essa greve de policiais tem colocado em perigo a vida dos cidadãos, bem como o patrimônio público e particular. E o motivo da paralisação é a falta de pagamento de salários: desde novembro os policiais não recebem seus proventos, incluindo décimo terceiro salário. A Justiça apontou a greve como ilegal, determinando que os policiais voltem ao trabalho, sob pena de pesada multa diária pelo não cumprimento dessa ordem.

É de se imaginar como têm vivido os agentes de segurança e suas famílias, afinal, ninguém vive de brisa. A fonte pagadora deve estar supondo que quem optou por ser agente de segurança recebe tudo de graça na vida, por algum milagre. E que esses profissionais fazem a mágica de irem ao supermercado para suprir as despesas da família sem gastar um centavo. Nem escolas, hospitais e farmácias devem cobrar nada dessas famílias. Então, se os agentes têm tudo de graça, o fato de eles não receberem salário não é problema.

Um juiz de bom senso afirmou que a greve por falta de salários pode, sim, ocorrer. Segundo ele, a lei deveria garantir prioridade no pagamento de salários de agentes de segurança. E dirigentes municipais, estaduais e federais, no caso de descumprimento desse dispositivo, deveriam não só responder pelo crime, mas também deveriam ser destituídos de suas funções. Seria uma recíproca justa para uma classe proibida de entrar em greve.

Robinson Faria, governador do Rio Grande do Norte, cogitou transferir dinheiro da saúde para resolver a situação, mas a ideia não vingou. Por último, veio a notícia de que a dispensa de trezentos ocupantes de cargos comissionados poderá garantir dinheiro para pagar aos policiais.

Depois de o governador decretar calamidade na segurança pública no estado potiguar, coube às Forças Armadas garantir a ordem pública. E quem paga a conta de tudo isso é, como sempre, o contribuinte brasileiro.

Cabe agora ao governo, com urgência, pagar aos policiais o salário a que têm direito e que, aliás, nem tem sido justo. De quebra, que garanta a eles material de trabalho de qualidade. Hoje os criminosos ostentam fuzis potentes, capazes de derrubar aviões, enquanto membros das forças de segurança pública trabalham com armas de pequeno porte.

Qualquer comparação – quer de salários, quer de recursos – que diz respeito aos agentes de segurança, soa, no mínimo, indigesta. É hora de mudar esse quadro. E isso não é nenhum favor. Estamos pagando caro para que o governo faça a parte dele.

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