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iFamily. Um novo conceito de família?

Com o título do livro de Conrado Paulino da Rosa, apresentado aos Senhores, proponho...

Marli Martins de Assis
Publicado em 07/12/2017 às 20:08Atualizado em 16/12/2022 às 08:28
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Com o título do livro de Conrado Paulino da Rosa, apresentado aos Senhores, proponho uma reflexão sobre o lugar da família no modelo contemporâneo.

Registra-se que na pós-modernidade há uma ênfase dada ao indivíduo, à sua singularidade. Entretanto, ainda é na dinâmica familiar onde o sujeito mais se revela, com permissividade para viver a ambivalência dos seus afetos.

No nicho familiar, apesar de vivências conflitivas e da condição humana intrínseca de desamparo, os sujeitos vivenciam estados de felicidade ao se depararem com os poderes-deveres de proteção e assistência de um sujeito por outro. Nesse contexto, temos “Famílias terrivelmente felizes” (em recorrência ao título do livro de Marçal Aquino). Nenhuma escapa às determinações de sua época e de seu tempo, quando aos sujeitos são impostas renúncias que são verdadeiras “amputações psíquicas”.

Na medida em que acompanha o desenvolvimento social, a Família vai se adequando. Em cada momento histórico, há novas necessidades, novos interesses e, consequentemente, uma peculiar estruturação familiar. Nos deparamos com um novo conceit Famílias on-line. Existe a possibilidade da constituição de uma iFamily em caráter permanecente, em função da lógica da família eudemonista, da concretização da autonomia do indivíduo e da sua realização afetiva.

Acompanhamos a tendência do pluralismo das entidades familiares, as novas formas de afetividade e as novas modalidades de família, a partir dos modelos concebidos, inclusive, judicialmente. Muitos resistem às mudanças e, sob sofrimento e tensão, sujeitos em desamparo começam a sugerir que a família está acabando. Sua referência se pauta nas pessoas perdidas no espaço virtual dos e-mails, dos contatos breves, na escassez dos jantares em família, ou seja, na falta de tempo que deixa a mesa cada vez mais vazia.

Nos ajustamos, ao concebermos esses novos conceitos e novos arranjos familiares, ou, cairemos nas soluções sintomáticas que são produzidas pela cultura para amenizar o sofrimento que ela mesma produz.

Sujeitos, famílias, sob sua condição de “terrivelmente felizes”, podem e devem escapar da onda de conservadorismo, que vem revelando formas violentas de ser e agir no contato com o Outro e com as diversidades. O momento atual se opõe à rigidez.

Vivemos um contexto social de valores fluídos e flexíveis, com a vantagem de contemplarmos várias formas de subjetividade.

(*) Psicóloga judicial e mediadora interdisciplinar familiar

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