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A Batalha da Riachuelo

stranho à primeira vista nosso título para este artigo, pois se o assunto fosse a famosa Batalha Naval...

Karim Abud Mauad
Publicado em 04/12/2017 às 07:40Atualizado em 16/12/2022 às 08:33
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Estranho à primeira vista nosso título para este artigo, pois se o assunto fosse a famosa Batalha Naval, ocorrida em 11/06/1865, deveria estar no masculino. Aquela ocorreu às margens do Riachuelo, um afluente do Rio Paraguai, na província de Corrientes, na Argentina. Esta Batalha considerada uma das mais importantes da Guerra do Paraguai (1864-1870), segundo historiadores militares, permitiu que as tropas do Império brasileiro impedissem as tropas paraguaias de avançar sobre os rios da Bacia do Prata, passagem estratégica à época já que não havia estradas na região e o Paraguai não possuía uma saída direta ao mar. No mais, todos nós sabemos o desfecho e a união daí surgida entre Argentina, Uruguai e Brasil.

Este preâmbulo vem situar o real motivo deste artigo, que é a dificuldade que ainda temos com o acesso ao crédito, item estratégico para o cidadão, seja na Pessoa Física, seja na Pessoa Jurídica. Vivemos um período conturbado na economia brasileira e a dificuldade de acesso ao crédito se materializa pelo excessivo rigor dos agentes financeiros, pelas altas taxas nominais de juros, mesmo com a taxa Selic em queda e, principalmente, pelos penduricalhos embutidos nestas contratações impostas por agentes e lojas de departamento. Uma vergonha, um escárnio, e olha que o Código de Defesa do Consumidor (CDC) está em vigor desde 1991.

A relação das empresas com os bancos vem se deteriorando muito nos últimos tempos; os acessos a recursos para capital de giro estão quase inexistentes, e, quando ofertados, as taxas de juros são um obstáculo praticamente intransponível. O BNDES, que sempre operou subsidiando as empresas, por todas as razões tão propaladas na mídia, também está afastado delas. Para as pessoas físicas, as novas regras para uso do cartão de crédito ainda não trouxeram o alívio desejado e o efeito de estancamento dos abusos nas taxas continua longe do consumidor. O cheque especial e a conta garantida em média têm taxa mensal equivalente à taxa referência anual, algo próximo a 7% a.m. Fica difícil empreender assim e, claro, consumir também. O Governo comemora a saída da recessão, com um crescimento de 0,1% no terceiro trimestre do ano, sendo o terceiro número positivo de 2017; poderia ser melhor se as taxas aplicadas ajudassem o conjunto da economia, lembrando que, mesmo assim, a indústria, o comércio e o setor de serviço avançaram, restando um recuo para o agronegócio, que segurou sozinho a barra nestes três últimos anos. Vamos aguardar o fechamento do ano e a última reunião do Copom em 2017. Espera-se nova redução nas taxas de juros e, de fato, um comprometimento maior de todos nesse processo.

O engraçado aqui ou o trágico nisso tudo vem da própria relação empresário e consumidor, principalmente as grandes redes, e aqui fica um alerta: vejam os abusos da rede similar ao da Batalha aqui citada. Vi na mão de um conhecido uma fatura daquele estabelecimento e desafio qualquer um a entender os absurdos ali contidos. Creio que o Almirante Barroso teve mais facilidade de vencer a Batalha do que aquele consumidor para se desvencilhar dos desmandos contidos na tal fatura. Esse alerta é importante, pois estamos entrando no mês do Natal e do décimo terceiro salário... todo cuidado é pouco, não se deixe enganar por facilidades que são verdadeiras arapucas.

Karim Abud Mauad

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