Fim de ano chegando com a costumeira agitação que toma conta de todos nós nessa época. O trânsito que não flui, o calor sufocante, a antecipação das compras de Natal e os angustiados empresários precisando faturar para pagar as contas, incluindo os impostos de uma das mais altas cargas tributárias do mundo sem o correspondente retorno ao contribuinte. Porém, o mês de novembro, alheio a tudo isso, chega ao final embalado por três feriados, dias 02, 15 e 20. Um novembro preguiçoso, camarada com o ócio. Os negócios são postergados por desígnios inconsequentes dos que fazem as leis e só sabem homenagear pessoas e situações decretando feriados. E aqui me refiro a todos os feriados, nacionais, estaduais e municipais. Melhor seria se decretassem redução de impostos, essa, sim, verdadeira homenagem ao trabalhador brasileiro.
Carecendo de descanso também parecem estar os membros dos Poderes da Nação. A presidente do STF, ao definir a pauta do tribunal para novembro, não incluiu assuntos polêmicos, como a prisão em segunda instância ou a possibilidade de a Polícia Federal fechar acordos de delação premiada. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a pauta sem “grandes temas” foi um pedido feito pelos magistrados e reforçado após o bate-boca entre ministros. Na mesma linha atenuante seguiu o governo, cujos aliados defenderam evitar temas polêmicos até meados do mês. O Legislativo prontamente acatou as recomendações e liberou os seus de votação em plenário durante quase todo novembro, respeitando com folga os três feriados. Por aqui, para não ser diferente, a Câmara de Vereadores encerrou em 30 de outubro seu calendário de reuniões plenárias, para só voltar a se reunir no dia 21 de novembro.
Que luxo! Perde-se tempo, como se tempo houvesse a perder. Como se tudo estivesse às mil maravilhas e o próximo ano não fosse ano eleitoral, onde tudo o que se faz é política eleitoreira totalmente apartada dos reais interesses da população. Mas eles podem. Trabalhando ou não, polemizando ou não, os salários estão garantidos e intocados, com ou sem feriados. Infelizmente o Brasil das desigualdades é real e um triste exemplo de democracia. E lá se vai mais um mês, de feriados, violência, insegurança, medo e a costumeira leniência dos que nos representam, que, sem encontrar respostas para nossas angústias, apelam para nos oferecer dias de descanso. Quem sabe assim nos esqueçamos deles?