O significado literal da palavra “recall” é chamar de volta. Estamos acostumados a ela quando levamos nossos carros novos de volta às concessionárias para algum reparo em um dos equipamentos com algum defeito de série. Aqui, me refiro ao recall político, ou seja, o retorno constante das mesmas figuras à ribalta, não importando o que tenham feito ou deixado de fazer. Além do espantoso primeiro lugar nas pesquisas do ex-presidente Lula, caso à parte, e que tratarei em outra ocasião, me causa incredulidade os 23 por cento de intenções de voto que dizem ter o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, expoente do Partido dos Trabalhadores. Não consigo achar nada de bom que ele tenha feito para o Estado em seus três anos de governo. Pelo contrário. Iniciou seu mandato aumentando impostos, seguido pelo parcelamento dos salários dos funcionários e pensionistas, o descumprimento de acordos preestabelecidos, a alienação de patrimônio público para fazer caixa, mordomias dentro e fora dos palácios, como buscar o filho em festa de réveillon com jatinho oficial, além, claro, do envolvimento em inquéritos que apuram desvios de dinheiro público. Isso tudo sem contar o desprezo do governador para reivindicações das cidades mineiras. Mesmo assim, dizem-nos os institutos de pesquisa eleitoral que ele sai na frente para disputar a reeleição. Impressionante. Na minha opinião, ele sequer deveria colocar seu nome no pleito, e se o faz é pelo objetivo óbvio de manter o tão desejado foro privilegiado.
Tentando entender esse fenômeno, me veio a ideia do recall. A grande maioria dos eleitores, para não demonstrar ignorância política em sua roda familiar e social, se agarra a nomes conhecidos e muito expostos na mídia, melhor do que confessar que não sabem em quem votar. Se for apresentado ao eleitor um nome novo e desconhecido, ele, via de regra, rejeita, ficando com aquele que já ouviu falar. Essa “preguiça” em pesquisar e obter informações é a causa principal da falta de renovação na política. Sempre os mesmos. Pouca chance para o novo, que, quando aparece, é travestido de famosos em áreas que nada têm a ver com a política e gestão de recursos públicos. Alguma coisa tem que ser feita. Não essa reforma política que nos enfiaram goela abaixo e que serviu apenas para contemplar interesses dos que já estão no Poder.
Em grego, “idios” quer dizer “o mesmo”, origem da palavra idiota.