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No meu tempo...

Quantas vezes já ouvimos idosos dizerem que, no tempo deles, as coisas eram bem diferentes...

Gustavo Hoffay
Publicado em 23/10/2017 às 08:03Atualizado em 16/12/2022 às 09:37
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Quantas vezes já ouvimos idosos dizerem que, no tempo deles, “as coisas eram bem diferentes”, que hoje está tudo muito “diferençado”? “É claro que sim”, reagem alguns jovens e considerando que os tempos atuais são mais exigentes e que, portanto, cobram de cada um de nós uma postura mais condizente com os dias em curso.

Eu mesmo, sexagenário, às vezes me pego dizendo algo semelhante e, à primeira vista, com certa razão. Uma das minhas filhas, adolescente, sempre que ouve os meus lamentos, reage de maneira a fazer um muxoxo e, em seguida, ergue os seus olhos em direção ao céu, como que implorando a Deus um pouco mais de paciência para suportar este velho ranzinza. Mas, convenhamos... Nos tempos atuais, a violência campeia frouxa e célere e não há autoridade que consiga, embora deseje, colocar freios às intempestivas e ousadas sanhas originadas de impiedosos e diversos marginais.

Peguemos a título de exemplo o geograficamente lindo Rio de Janeiro, uma cidade (de fato) maravilhosa e se vista de dentro de um avião. Lá, de Santa Cruz a Copacabana e de Grumari a Nilópolis, toda a população vive em clima de pavor, enquanto especialistas de diversos pontos do Brasil sugerem soluções que lhes parecem as mais adequadas.

É evidente que a miséria material e a total descrença no futuro são o que mais aflige famílias inteiras nos morros daquela capital, aliadas às injustiças vigentes em nosso país e, ainda, ao baixíssimo nível moral a que chegou a classe política, especialmente em Brasília. Mas na honrosa, porém humilde condição de religioso praticante, não tenho dúvidas ao afirmar que a falta de Deus nos corações, ou a apostasia frente a Deus, é a principal causa de tanta desgraça! Ora! Como amar o irmão se não existe consciência de que temos Deus como o nosso único pai?

Diante do mal cada vez mais presente na vida de muitos, até policiais temos visto sendo aliciados e envolvidos pelo submundo do crime! Recordo-me agora de Carlos Drummond de Andrade, que indagava: “que geração terá consciência e lucidez suficientes para arrumar a vida em bases mais justas?”. Os tempos atuais são injustos a qualquer cidadão de bem e, de fato, as coisas no meu tempo eram muito melhores. E, dizendo isso, fico ainda mais deprimido. Mas não precisamos esperar pelo bem para sermos bons.

Plantemos o bem cientes de que o mal irá aparecer, mas trabalhemos sempre a nossa consciência despertada e deixemos de lamuriar. Sejamos sempre gratuitamente bons, pois assim estaremos sempre bem e sempre propensos a colocarmos Deus em nossas vidas, de modo a tornarmos melhor o nosso tempo e nunca esquecendo que o presente e o futuro dependem de nossas ações hoje.

Ousar, investir, doar-se, participar ativamente da vida em comunidade de modo a criticar enquanto propondo melhorias. E não depender exclusivamente de políticos já basta para que se dê início a uma nova era. Cabe-nos arregaçar as mangas e abandonar um vicioso comodismo.

Gustavo Hoffay

Agente Social

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