ARTICULISTAS

Enganar-se alegremente

(Uns gostam dos olhos, outros da remela)

Manoel Therezo
Publicado em 16/10/2017 às 08:01Atualizado em 16/12/2022 às 09:48
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Feíssimo, nojento provérbio Português—mas, diz muito de um engano que não me engana. Não se contesta que viajar conhecer outros povos, seus costumes, suas construções, suas músicas, sua cultura literária, tudo soma para a riqueza do conhecimento geral.

Mas, não se contesta também, que as viagens longas motivam alterações significativas na disciplina do nosso organismo, forçando-o a se ajustar repentinamente aos momentos não costumeiros. Diz-se nesse particular, estar burlando do “Relógio Biológico”. Viajar para se descansar quando bem analisada, por vezes, nada descansa—principalmente aquelas que nos forçam aos ajustamentos.

Tal verdade se confirma, quando no amanhã de retorno ao lar ou ao trabalho, percebe-se que viajar para descansar foi “Enganar-se Alegremente”. Pela TV, um entrevistado manifestou que viajar não é a melhor forma de combater o cansaço. Parece mesmo não ser porque, com exceção dos que sofrem de *Hipotireoidismo, criaturas outras, dormem bem num colchão repleto de deformações e num travesseiro nas mesmas condições. Quando em viagem se imagina estar livre dos horários, engana-se.

Dentre outros avisos, está que o café da manhã somente é servido até as tantas horas. Mal... Muito mal para quem pretende dormir até as tantas para se descansar. Dentre outras citações, está à falta do jornal costumeiro, com as notícias de sua cidade. Logo ao procurar objetos que em casa sempre estão em seus lugares, agora em viagem, lá estão se emaranhando numa improvisada caixa de sapatos. A loucura para viajar para fugir do cotidiano como se ouviu, parece ser doença de “Mente Viciada”.

O paulistano por excelência é portador desse mal. Se tal figurar na Patologia, o paulistano é doente. Um feriado qualquer, lá está ele cedinho de malas prontas para zarpar para qualquer lugar, tenha ou não conforto. Grande verdade. Nas vésperas do ferido consagrado a padroeira do Brasil, saíram de São Paulo para viagens, 2.300 carros. Dias atrás na mesma São Paulo, um repórter pelas ruas, indagava a muitos, o que iriam fazer com parte do 13º salário? A maioria respondeu que primeiramente, iria reservar parte dele para as viagens.

Caso restasse, ficaria para amortizar um pouco das dividas; (que irresponsabilidade, imaginei?) Pelas notícias, forçar o “Relógio Biológico” com consequências ainda pouco conhecidas pela ciência, tornou-se motivo de estudos mais acurados na Inglaterra, nos EUA, no Canadá. Viajar nos dias atuais, o cartão de crédito, facilita—mas, não exime dos perigosos meios de transportes, principalmente se estiver no aeroporto de malas prontas.

Tenho que para certa especialidade médica, as viagens longas preocupam pacientes. A sua presença, a sua visita mesmo que de quando em quando, quanta Esperança, quanta Tranquilidade? Ao viajar, não tenha a preocupação de fotos para as colunas sociais. Por tudo, faça sua viagem sem miséria. Se o bolso $$$ lhe permitir dez dias em hotel de três estrelas, fique quatro em hotel de cinco. Como “cada qual é cada qual”, eis um Engano que não me Engana.

*Hipertireoidismo, refere-se aos hormônios da glândula Tireoide. Hipo= produção diminuta ou nada. Normalmente resulta indivíduo pachorrento, pouco dinâmico. Hiper= contrário do Hipo.

Manoel Therezo

Professor emérito da Faculdade de Odontologia; ex-vice-diretor das Faculdades de Uberaba (Fiube)/portaria 5/76

manoel_marta @ hotmail.com

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