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Cadê o Planeta Terra que estava aqui?

Hoje me lembrei de uma brincadeira de quando eu era criança: Cadê o docinho que estava aqui? O gato comeu

Julia Castello Goulart
Publicado em 25/09/2017 às 20:22Atualizado em 16/12/2022 às 10:17
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 Cadê o Planeta Terra que estava aqui?

Hoje me lembrei de uma brincadeira de quando eu era criança: Cadê o docinho que estava aqui? O gato comeu. Cadê o gato? Foi para o mato. Cadê o mato? O fogo queimou. Cadê o fogo? A água apagou.... Existem inúmeras versões dessa brincadeira, uma delas com um final e outras que podem se seguir, até cansar. Foi pensando nessa brincadeira que percebi que talvez vamos estar daqui alguns anos, se perguntando onde foi parar as coisas, que agora, nem nos damos conta.

Como seres humanos nos acostumamos a achar que tudo que tiramos da natureza é extremamente infinito. Podemos tirar sempre mais e mais, que a natureza repõe. Não há tanto tempo atrás descobrimos que isso não é verdade. Muitas das matérias-primas que nos sustentam são finitas, e pior, estão prestes a acabar. Quando vejo o presidente dos Estados Unidos, retrocedendo nas pesquisas e nos investimentos de energia limpa, penso que um dia os norte-americanos que o apoiam vão pensar: Cadê o carvão que estava aqui?

Nós sabemos a muito tempo dos perigos do nosso consumo, desenfreado e nada consciente, traz ao meio ambiente. Contudo, não lembramos disso quando trocamos o celular de um em um ano, compramos cinco pares de sapato, se só temos dois pés. Mas também não pensamos nisso, quando deixamos a água correr ao escovar os dentes ou passar xampu. Nós não pensamos. Sabemos e sabemos muito hoje, mais do que nunca, os riscos que estamos correndo no futuro. Mas como dizem, é no futuro, eu vivo no presente, então não preciso me preocupar com o depois.

Infelizmente, talvez, não pensamos em nada disso, porque não estaremos aqui quando todos os dados trágicos que os especialistas apontam, ocorrer. No caso a minha geração, Millenium, estará, pois vamos viver o ano de 2030. O ano apontado por especialistas, como o ano que quase não iremos ver mais as espécies dos animais da Disney que assistimos quando criança. Nossos filhos, provavelmente nunca irão conhecer.

As vezes pensamos que isso não passa de um discurso fatalista, dos "eco chatos" porque, afinal, no próprio discurso do presidente dos Estados Unidos, fala que não existe aquecimento global! Com certeza as paisagens do antártico discordam, ao se modificar ano após anos, pelo derretimento de geleiras, ocasionando o aumento do nível dos oceanos.

Quando vejo o nosso atual presidente, Michel Temer, tirar uma grande parte de um território amazônico, a reserva ambiental, Reserva Nacional de Cobre e Associados, não pensamos que estamos contribuindo pela devastação da nossa floresta. Hoje já se calcula o equivalente a campo de futebol por minuto. Não pensamos nos povos indígenas que ficarão sem suas terras, por conta da exploração de minério. Enquanto isso hashtags são colocadas nas redes sociais a favor da Amazônia, e como quase sempre, atuamos democraticamente, reclamando sentados em nossas casas, em nossos computadores. Enquanto nos mantemos sentados e replicarmos hashtags, um dia ainda iremos perguntar: Cadê a Amazônia que estava aqui? E a reposta será: Michel Temer e nós brasileiros devastamos.

Julia Castello Goulart

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