ARTICULISTAS

Gênero, número e grau

A unidade estética recebe a sua dignidade através da diversidade. Ela faz justiça ao que é heterogêneo...

Solange de Melo M. N. Borges
Publicado em 21/09/2017 às 20:40Atualizado em 16/12/2022 às 10:22
Compartilhar

“A unidade estética recebe a sua dignidade através da diversidade. Ela faz justiça ao que é heterogêneo”. (ADORNO, 1981)

Há algum tempo, é possível notar uma grande e sofisticada luta na conquista dos discursos dominantes, aqueles arrebatadores, persuasivos e acompanhados de alguma encenação. São encontrados na política, na religião, na ciência, na literatura e, muito recentemente, no conceito de “ideologia de gênero”. Esta mais se parece com um espaço em branco que conveniências e interesses de momento se encarregam de preencher.

 Os movimentos que comandam tal discurso promovem grandes manifestações e encenações (Parada Gay) com o objetivo de expor suas próprias convicções e convencer a população de seus “achismos”.

No entanto, na nossa cultura de rígidos binarismos, isto é, distinção entre o bem e o mal, o corpo e a alma, o mito e a verdade, o branco e o preto, o norte e o sul e, muitos mais, a definição das identidades não é tão elástica assim. De todas essas dicotomias, a que distingue o homem da mulher parece ser imprescindível para a nossa compreensão do mundo e da própria continuidade da espécie humana. A ideologia sexual resulta em regra, em comédia de fingimento, ridicularizante e vem reforçar a convicção cultural de que “homens” nascem “homens” e “mulheres” nascem “mulheres”.

Uma multiplicidade de subjetividades sexuais, de classe, étnicas ou raciais ameaça invadir a ciência contemporânea. Não por acaso, chegou-se à possibilidade de transpor a fronteira do sexo ao defender que uma pessoa pode decidir a “ser homem” ou “ser mulher”. Nesse caso, conta hoje com a manipulação física do corpo de forma dramaticamente radical, através da caracterização cirúrgica, o que tem provocado consequências catastróficas.

Não há qualquer base científica que sustente a ideologia de gênero; não possui qualquer método, apenas percepções sociais. Portanto, é inadmissível tratar a questão nas escolas como em laboratórios de experimentos com ratos. Respeito para com as crianças e jovens em formação é o que o Estado brasileiro deve impor, sobretudo numa situação fronteiriça como esta. É urgente retirar todas as referências até então colocadas uma vez que a ciência comprova justamente o contrário de tudo o que já foi divulgado.

Enquanto falo, imagino que o mundo poderá estar se quebrando. O poder ditatorial daqueles que defendem a ideologia de gênero condena quem ousa acabar com o silêncio da História ao dizer que as identidades pessoais são características oferecidas, chegam-nos gravadas com a inevitabilidade e inalterabilidade do processo que se impõe às suas próprias regras.

Ao concluir, fica o convite a uma leitura generosa e complexa de múltiplas e flexíveis perspectivas na sua sempre renovada e perturbadora capacidade de ultrapassar centros de certezas monoculturais.

Ideologia de gênero, fora das nossas escolas!

(*) Economista, ex-secretária de Educação de Uberaba (2001/2004)

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por