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Está chegando dia 7 de setembro, e com essa data, para muitos, é apenas mais um feriado...

Julia Castello Goulart
Publicado em 15/08/2017 às 20:30Atualizado em 16/12/2022 às 11:13
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Está chegando dia 7 de setembro, e com essa data, para muitos, é apenas mais um feriado do ano. O que me impressiona é o fato de as pessoas gostarem de saber as datas dos feriados simplesmente por não terem que trabalhar ou estudar, mas não sabem o que elas significam para a nossa história. Sem contar com feriados católicos (já que esses representam apenas os que seguem essa religião) e datas comemorativas comerciais (como Dia dos Namorados, por exemplo, no Brasil), digo por mim mesma, que esquecemos essas datas que foram marcadas exatamente para ser lembradas por nós, hoje, no presente. Quanta ironia! Mas qual a importância de saber e refletir sobre essas datas, já que ocorreram no passado? É porque o passado pode, sim, contar muito do nosso presente. Ou pelo menos o passado, o que chamamos de história, conta o que somos como sociedade, ou nação, como Brasil.

E isso é muito importante. O filósofo político Maquiavel, que com certeza você já ouvir falar, pela expressão equivocada “maquiavélica”, já disse séculos atrás, mais precisamente século 15, que a história é cíclica. Nossa história é formada por governos conservadores e, posteriormente, progressistas, e, depois, conservadores, e assim por diante, como em um ciclo. Complementaria mais, às vezes pensamos que o hoje é tão melhor que o passado, que esquecemos que retrocessos acontecem, mesmo depois de conquistas que um dia aconteceram no passado. Quando me refiro à importância de saber e refletir sobre o passado, é exatamente isso. Não só entendermos o que nos tornamos hoje, como se espera que não se cometa os mesmos erros do passado. Para mim, às vezes, é utópico demais pensar assim. Um massacre aconteceu quando portugueses, espanhóis e outros países europeus queriam expandir suas fronteiras comerciais para além da Europa. Ao “descobrir a América” não houve não só um massacre aos índios que já habitavam essas terras, como a população africana que era comercializada como escrava. Depois disso, tivemos vários outros episódios na história, de massacres e guerras, por interesses de uns, normalmente econômicos e políticos, sobre outros. Não lembramos, muitas vezes, durante o feriado da Consciência Negra, sobre os milhares de escravos que morreram em nossas terras, ou do Dia do Índio, ou mesmo do Dia da Mulher, como milhares de mulheres que morreram por violências sofridas no dia a dia, ou pela sua luta de votar e ter os mesmos direitos que os homens.

Quando vejo grupos que se dizem “nazistas”, em uma manifestação de extrema direita na cidade de Charlottesville, EUA (12 de agosto), só penso o quanto da nossa história esquecemos e de quanta crueldade podemos ter ao nos julgar melhor que negros, gays, mulheres, islâmicos. Nesses momentos, torço para que Maquiavel esteja errado e que momentos da nossa história como esse nunca se repitam. Mas, simplesmente esquecemos a perseguição que ocorreu com os judeus apenas um século atrás e a perseguição com os islâmicos ou refugiados que acontece hoje. É, mas é preferindo beber cerveja ou assistindo televisão em feriados como esses que elegemos presidentes como Donald Trump e saímos às ruas pedindo a volta da Ditadura Militar ou fazendo saudações nazistas.

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