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Crise de valores

O maior valor, que toca a vida das pessoas, é o reino de Deus, mas colocado no ostracismo...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 29/07/2017 às 18:58Atualizado em 16/12/2022 às 11:38
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O maior valor, que toca a vida das pessoas, é o reino de Deus, mas colocado no ostracismo na cultura moderna. Na verdade, estamos numa profunda crise de valores, onde assistimos um grande esforço da mídia para vender ideologias. São evidenciados fortemente os interesses meramente particulares e egoístas, chegando a não diferenciar aquilo que é verdadeiro e o que é falso.

Seguir a vontade de Deus é ser capaz de achar tesouros escondidos no seio da sociedade. O reino de Deus é como um tesouro presente no meio do povo. É um dom que, para encontrá-lo, a pessoa precisa fazer renúncias e desprendimentos, deixando algo próprio, porque supõe fazer opções radicais. É uma realidade inconcebível pela cultura do prazer, que não enfrenta uma vida de sacrifícios.

O reino citado deve se identificar com o modo de viver de Jesus Cristo e ser assumido na vida de cada pessoa. A marca principal é a prática do amor, como forma de realizar a vontade de Deus, expressa nos Evangelhos. Isso supera a ânsia desenfreada da prosperidade pessoal e da segurança nacional. O amor é forte e consegue vencer as dificuldades que aparecem na vida cotidiana.

A perda crescente de valores duradouros para a população vem atingindo os poderes que ora administram, julgam e fiscalizam. Seus agentes não estão muito preocupados com o bem comum, onde a discriminação, o desrespeito, a injustiça, a honestidade, a partilha de bens devem ser a preocupação maior. São valores fundamentais, geradores de dignidade e possibilidade de vida saudável.

Há exigência de sabedoria para construir uma sociedade ideal. Foi o que fez Salomão, pedindo os dons divinos para governar com responsabilidade (cf. I Reis 3,9). Ele, na verdade, sabia que seu papel era apenas de instrumento nas mãos de Deus. As infidelidades ao projeto Deus significam também infidelidade diante dos princípios da Constituição do país, que, a todo o momento, são feridos.

Deus sempre teve um projeto de amor para as pessoas. Mas Ele exige superação do egoísmo e das maldades que brotam do profundo do coração humano. É daí que surgem as atitudes que desmoronam os valores fundamentais que proporcionam uma vida digna e feliz. A crise de valores significa, então, tirar as bases de sustentação da sociedade, porque desvalorizam a fraternidade.

(*) Arcebispo de Uberaba

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