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Pão e circo

A vida imita os filmes ou os filmes imitam a vida? Adoro filmes de super-heróis...

Julia Castello Goulart
Publicado em 28/07/2017 às 20:02Atualizado em 16/12/2022 às 11:40
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A vida imita os filmes ou os filmes imitam a vida? Adoro filmes de super-heróis e estão sempre na minha lista de filmes para ver ou rever. Alguns mais previsíveis, outros mais imprevisíveis, mas sempre com a fórmula mágica do herói, ou anti-herói (como o querido personagem da Marvel, Deadpool) e o vilão. Tem que ter a parte do bem e a parte do mal. Alguns têm mocinhas indefesas, como a Mary Jane, e outros em que a mulher é a própria super-heroína, como a Mulher-Maravilha. Por mais que possa parecer difícil a vida imitar filmes de super-heróis, por causa dos superpoderes, ela ainda assim consegue nos surpreender. Os personagens dessa história real que vou contar hoje não têm superpoderes, mas poderes totalmente humanos, mas que os fazem ter muita relevância diante dos outros. São considerados exemplo por muitos, normalmente pela sua coragem e pelo que fazem pelo Brasil. Essa história real está próxima de nós, todos os dias. São as manchetes dos noticiários, as discussões constantes nas redes sociais, são o papo indelicado tocado na mesa da família, porque sempre sai uma briga.

Os personagens, portanto, são figuras famosas por todos os brasileiros. Os dois personagens principais, contudo, nem sempre foram conhecidos. Um deles possui já 72 anos e veio de uma infância e juventude pobres em Pernambuco e interior de São Paulo, sétimo filho de um casal de lavradores analfabetos. Na juventude, filiou-se a um sindicato, iniciando sua luta política. De sindicalista para político, de político para presidente do país. O outro personagem principal possui 44 anos, é filho de descendentes italianos, seu pai, professor universitário. Nasceu em Maringá, no Paraná, formou-se em Direito na juventude, trabalhando como advogado e professor universitário. Tornou juiz federal e hoje atua em uma das operações de corrupção mais importantes do país.

O interessante dessa história real é que não se tem um consenso de quem é o herói e de quem é o vilão. Para alguns, um é o pior político ladrão que o pais já teve, enquanto que, para outros, o outro é um juiz partidário, condenando e apresentando provas apenas de quem é conveniente com seus acordos políticos. E não se engane, eles são apresentados exatamente dessa forma para nós, nas capas de revistas e nas discussões de família e amigos. Da mesma forma como se torce para que o vilão no final do filme se dê mal, nós torcemos para os heróis da vida real vencerem. A diferença dessa história para a história dos filmes é que os personagens são reais, esquecemos que eles não têm superpoderes e que, mesmo herói humanamente possível que eles possam ser, esquecemos exatamente que são humanos, e não representantes do bem e do mal. Às vezes nos esquecemos tanto da humanidade das pessoas, que chegamos a brigar com outras pessoas para defender esses personagens, que não passam de outras pessoas. A divisão que se percebe nas discussões de quem é do bem e do mal é mais um exemplo de como a vida pode se basear em um filme, para ganhar muita audiência, muito dinheiro nas bilheterias, e, claro, uma diversão para o público que se divide numa luta totalmente cega entre o bem o e mal.

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