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Pecado

A maior população católica mundial é a do Brasil, cerca de 120 milhões de adeptos...

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 25/07/2017 às 19:25Atualizado em 16/12/2022 às 11:47
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A maior população católica mundial é a do Brasil, cerca de 120 milhões de adeptos, ou seja, 12% dos que se proclamam católicos são brasileiros. É um contingente considerável, mesmo tendo sofrido um declínio nas últimas décadas, ainda sim é muita gente. O que também permite elucubrar com relação ao número de pecadores que seguramente são a maioria no mundo. Significa dizer que no âmbito católico existem mais de cem milhões de pecadores brasileiros. Ainda na ótica católica, segundo Santo Agostinho, "pecado é uma palavra, um ato, um desejo contrários à lei eterna” e sua repetição gera vícios que "são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal”. Se a frequência ao confessionário fosse vinculada à relação direta pecado-confissão dentro da expectativa de constância e regularidade dos fiéis desejável pela Igreja, provavelmente teríamos uma enorme demanda reprimida. O que podemos deduzir que o pecado é cada dia menos compartilhado e confessado, tendo em vista a demanda que é verificada nos confessionários. O pecador guarda pra si ou guarda em si os seus pecados e em muitas vezes tenta estabelecer uma relação direta com o Criador à procura de redenção sem a orientada confissão. Nesse caso fica apenas a sensação do perdão sem o crivo autorizado da Igreja que é a responsável pela “dosimetria” do chamado pagamento dos pecados. O pecador autônomo, digamos assim, se dá ao luxo, de autopenitenciar-se ignorando a liturgia do perdão celestial. Recentemente, por mal dos pecados, tem sido muito comum a utilização de um recurso de natureza de foro íntimo que é a “verdade conveniente relativizada”, apoia-se nela para justificar atos, ideias, convicções e essa prática não se restringe a essa ou aquela religião, é pecado comum de todos, independente de seu pendor teológico. E é um pecado quase coletivo que atualmente se comete com diferentes intenções e manifestações, seja de cunho político, filosófico e até do cotidiano. Está-se aceitando naturalmente a relativização de valores capitais como ética, moral, justiça. Por talvez enquadrar-se na categoria de pecado venial, a “verdade conveniente” talvez seja considerada uma pequena transgressão, mas não é. Ela nos torna reféns de um vício iterativo, cujo resultado é a negação de nós mesmos em relação a uma realidade que vamos perdendo a capacidade de enxergá-la. 

(*) Engenheiro

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