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Esopo

Nós enforcamos os ladrõezinhos e indicamos os grandes ladrões para cargos públicos...

Mário Salvador
Publicado em 25/07/2017 às 18:48Atualizado em 16/12/2022 às 11:47
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“Nós enforcamos os ladrõezinhos e indicamos os grandes ladrões para cargos públicos.” A frase é de Esopo, escravo grego que viveu no século VII ou VI a.C., na Trácia, e objetivava educar o homem de sua época através das fábulas, gênero literário desenvolvido por ele.

Jean de la Fontaine, escritor francês que figura entre os maiores divulgadores das fábulas de Esopo, assim se refere a esse escritor: “...deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha; ele, que ensinava a verdadeira sabedoria e que a ensinava com muito mais arte do que aqueles que usam regras e definições”.

As fábulas de Esopo fazem parte da tradição literária oral e consistem em pequenas histórias de caráter moral e alegórico que têm por personagens, na maioria das vezes, animais com todas as características humanas, uma vez que eles falam, agem, erram, e podem ser inteligentes ou medíocres, bons ou maus.

Mesmo tendo surgido há quase dois mil anos no Oriente, as fábulas ainda são escritas na atualidade, mantendo as características de fazer uma analogia entre a história dos animais e o cotidiano dos homens, e de encerrar essa curta história com um ensinamento moral. E é comum reciclarem-se velhas fábulas, dando-lhes novos finais. No Brasil, o humorista Millôr Fernandes, autor da obra Fábulas Fabulosas, foi seguidor do gênero.

Coloquemos a carapuça pelo puxão de orelha dado por Esopo. Esse fabulista continua atual, como se fosse um sábio vidente. É o que comprova uma análise deste tormentoso e tumultuado momento brasileiro da descoberta de que grandes líderes políticos e empresariais se chafurdam na lama da corrupção há tempos, bem embaixo do nosso nariz, quer como corruptores, quer como corrompidos, usurpando acintosamente nosso dinheiro e nossa alegria.

Nas entrelinhas, Esopo já demonstrava que o povo tem o poder na mão, uma vez que, quando elege seus representantes, pode e deve separar o joio do trigo, optando por homens públicos sérios, íntegros, éticos, empreendedores e competentes, e não pelos que querem corromper a todos, comprando todas as consciências do entorno ou, pior, a falta dessa consciência.

Enquanto depositamos nossa confiança na ação do Poder Judiciário, que tem buscado com determinação corrigir os desvios de que fomos vítimas, também nos rendemos a Esopo, que já, em tempos imemoriais, profetizou a sina dos brasileiros.

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