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Não entrando no mérito

Era o dia três de maio de 2003. O Parque de Exposições Fernando Costa estava repleto...

João Eurípedes Sabino
Publicado em 21/07/2017 às 19:30Atualizado em 16/12/2022 às 11:52
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Era o dia três de maio de 2003. O Parque de Exposições Fernando Costa estava repleto de pessoas para receber S. Exa. o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ele aqui veio para abrir 69ª Exposição de Gado Zebu. Foi um furor a sua presença! No patamar de cima do palanque oficial, me vi frente a frente com Lula e lhe estendi a mão. Ele, atencioso e sem cerimônia alguma, me estendeu a dele e nos cumprimentamos. Pareceu-me ser o homem certo para o cargo certo.

Aécio Neves, governador. Marcos Montes, prefeito. Rodolfo Cecílio, presidente da Câmara, e José Olavo Borges Mendes, presidente da ABCZ, juntos, lideravam a massa de convidados que acercava o nosso mandatário mor. Muita água passou por debaixo da ponte. O homem avaliado por Barack Obama como sendo “O cara!”, hoje, está na condição de condenado pela Justiça. O juiz Sergio Moro se excedeu? Sua sentença foi política?

Não entrando no mérito se Lula é culpado ou inocente, seus defensores devem agora se debruçar sobre o calhamaço da sentença e tentar revertê-la. Chorar pelas paredes e dizer que Lula é coitadinho não me parece sensato. Nenhum julgador consegue redigir uma sentença com mais de 200 laudas, como fez Moro, indo e voltando ao mesmo assunto. “Nesse pau tem mel”, já diziam os antigos.

Em 2002, vivi na pele o drama de elaborar um laudo pericial com mais de 400 páginas, recheá-lo de provas inquestionáveis e, sete anos depois, vi a sentença condenatória em primeiro grau ser reformada no TJMG. Um processo com mais de 60 volumes mereceu análise que a verdadeira história ainda fará o seu julgamento.

De dois juízes que serviram na Comarca de Uberaba, anotei estas preciosidades: “Quando chega a hora de alguém pagar seus pecados, não há quem evite” - Luiz Manoel da Costa Filho. “Minha função é julgar; a do tribunal é consertar” - Sebastião Naves de Resende.

 Sergio Moro exerceu a sua função que, reconheçamos, passou a ser missão. Oxalá as instâncias superiores, ao examinarem a sentença de Lula, não hesitem diante do clamor popular. Caetano Veloso acertou o alvo quando disse: “É impressionante a força que as coisas parecem ter quando elas precisam acontecer”.

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