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Tornozeleira eletrônica

Usada como se fosse um adereço honroso, a tornozeleira eletrônica vai ficando banalizada...

João Eurípedes Sabino
Publicado em 07/07/2017 às 19:39Atualizado em 16/12/2022 às 12:10
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Usada como se fosse um adereço honroso, a tornozeleira eletrônica vai ficando banalizada à medida que figurões a recebem sob ordens de magistrados. Não sou favorável que seja tatuado na testa do mão-leve “sou ladrão vacilão”, mas que a tornozeleira eletrônica precisa ser mostrada pelo usuário, não tenho dúvidas. Subir do tornozelo para o pescoço? Não sei. Lembremo-nos todos da repercussão que deu, quando Luma de Oliveira desfilou na Marquês de Sapucaí, no carnaval de 1998, ostentando uma gargantilha contendo o nome de seu amor: EIKE.

Na minha ignorância sobre o tal equipamento eletrônico, tenho certeza que deve ser o maior enguiço tomar banho, vestir calça comprida, dar uma coçadinha, calçar meias ou vestir bermuda tendo aquele trambolho preso ao corpo. E o que é pior, registrando em tempo real tudo o que se está fazendo. Afinal, o “adorno” dá resultado, ou é apenas para dar uma pálida satisfação à sociedade?

Não duvidemos: por trás de uma tornozeleira eletrônica usada pelos “operários da Lava-Jato” há petições redigidas por medalhões do Direito que não assinam o pedido sem antes engordar suas contas bancárias. Errados? Não. Cada um cobra o que vale e paga quem pode.

As autoridades deveriam vir a público e detalhar à plebe rude, como eu, onde dói a fivela da tornozeleira eletrônica. A maioria esmagadora de cidadãos que acorda cedo, corre, malha o dia todo, transpira nas vestes e ao final do mês não vê sobras em seus ganhos, vive se perguntand pra que ser honesto se os facínoras aprontam e depois ganham tornozeleira eletrônica? Sem dizer das suas mansões e apartamentos luxuosos.

Perco horas do meu sono imaginando o que estará reservado aos meus netos Antonio e João. Não estarei aqui para viver a era do “quanto pior melhor”. É triste saber que a tecnologia dominará tudo, mas homem continuará no descaminho. A tornozeleira eletrônica, hoje símbolo da transigência, num breve amanhã, será peça de museu. Aí, sim, é que a coisa vai correr solta.

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