A qualidade em virtude da qual um homem é digno de crédito ou de consideração está em decadência entre alguns membros dos três poderes. Particularmente, não tenho dúvida de que a autoridade da qual estão investidos alguns representantes dos Três Poderes está em crise, em situação de juízo e de revisão de valores. A imprensa tem cumprido fielmente a sua missão e enquanto aberta a denúncias de abusos, prepotência e casos diversos de corrupção que, copiosamente, vêm distorcendo o sentido da palavra autoridade. Impossível, mas inacreditavelmente já comprovad entre aqueles que foram legitimamente escolhidos para orientar, julgar e legislar, muitos estão cedendo à fraqueza de caráter, mesmo que por mais meritórios e significativos sejam os seus títulos e funções dentro do governo federal. Chegamos a tal ponto que já há entre toda a população o sentimento da existência de certo infantilismo por parte de legisladores e dirigentes. O exercício do poder chegou a tal ponto que, em alguns casos, até a própria Constituição já está sendo vítima de graves agressões e desrespeito por quem deveria honrá-la e protegê-la. Daí a forte e legítima reação popular contra esse tipo de autoridade. Aliás, tendências democráticas de nossos tempos têm contribuído para diluir o conceito de autoridade em nosso país, o que vem estimulando críticas, contestações e manifestações diversas em nosso país, em vários sotaques e sob climas variados. O Brasil está à toa. Nunca em meu tempo de ativo cidadão brasileiro e sujeito a todos os gozos e obrigações a mim garantidos pela Constituição da República Federativa de 1967 e pela que foi promulgada em 1988, assisti ao quanto está insegura a posição de um governo que insiste dizer-se no controle do timão que deveria conduzir de maneira segura o nosso país e em constante rumo à ordem e ao progresso. Até mesmo quando se enxergam na contingência de dar ordens e normas, algumas das nossas “autoridades” mostram-se hesitantes; não ousam expressar-se por meio de palavras e gestos que deveriam traduzir-se em real segurança e esperança para todo o povo brasileiro, instaurando-se assim um clima de terrível mal-estar e perplexidade em investidores diversos. O deboche e o acinte de algumas pessoas investidas de autoridade no governo federal brotam, borbulham...! O brado de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, que animou os revolucionários franceses no fim do século XVIII, continua atuante e pode contribuir para derrogar aos novos tipos de autoridade que a sociedade vai conhecendo. Falta ao Brasil quem oriente a sua população na conquista de nobres propósitos; faltam referências que indiquem-nos ações eficazes. Contestações populares devem continuar a existir, desde que de maneira ordeira, construtiva, lícita e positiva, para lembrarem aos “chefes” que a missão de cada um deles é servir e de nunca deturpar o serviço.
(*) Agente social