Incêndios criminosos

Nas comemorações dos noventa anos das aparições de Nossa Senhora em Fátima, há dez anos, quando minha esposa e eu visitávamos nossa filha que mora em Portugal, planejávamos ir todos para Fátima, porém as autoridades locais avisaram pela televisão que lá já havia grande número de peregrinos e pediram que ninguém mais fosse para lá.

Além da cobertura das solenidades de Fátima, os noticiários também mostraram incêndios florestais em diversas localidades daquele país. Ao tomarmos um táxi, o motorista disse-nos que esses incêndios eram comuns nessa época do ano. E afirmou que eram quase todos criminosos. Imaginamos que fosse apenas um palpite dele. Infelizmente, não era.

Mês passado, o problema voltou a acontecer naquele país. Os 46 mil hectares de área queimada da região de Pedrógão Grande contabilizaram prejuízos de 500 milhões de euros. O incêndio deixou 64 mortos e 150 feridos. E danos em 481 casas, 49 empresas, trilhos, percursos, agricultura, fora os gastos com o combate ao incêndio. 374 trabalhadores foram afetados. Os bombeiros ficaram exaustos com o enfrentamento do fogo.

De início, as autoridades cogitaram na possibilidade de o incêndio ter sido provocado pelos raios ao atingirem a vegetação seca. Uma investigação mais apurada concluiu que os incêndios foram criminosos. Lembrei-me da observação feita pelo motorista de táxi: em Portugal, em sua maioria, incêndios florestais são criminosos. Teriam interesse nisso, por exemplo, empresas usualmente contratadas para debelar as chamas. Uma semana depois, na região de Doñana, na Espanha, também houve um incêndio. Apesar das perdas, não houve mortos.

Nem imagino se alguém já tenha sido condenado por colocar fogo em florestas de Portugal. Normalmente não havia vítimas. Dessa vez a situação parece ter saído do controle dos bandidos. É triste pensar a que ponto chega a ganância do ser humano. Espera-se agora que os fatos sejam apurados a fundo; os criminosos, punidos; e a situação não se repita.