Adeus para nunca mais

Enquanto o país derranca no insalvável clima de corrupção, sobra tempo à Câmara dos Deputados e ao Senado para aprovarem medida provisória que regulamenta a vaquejada. Segundo Ruy Castro, articulista da Folha de S.Paulo em seu artigo “Dor garantida por lei”, de 1º/06/2017, “A legalização da crueldade e da covardia não ameniza o sofrimento das vítimas, mas permite a seus algozes um sono bem pago e sem culpa”. Ou seja, às favas com o sacrifício dos animais.

Longe está o tempo em que meu saudoso pai, em pleno apogeu da idade e cheio de coragem, subia no lombo de um pagão, rasgava-o nas esporas, açoitando-lhe com rabo de tatu, e depois de arriscados solavancos mostrava ao bruto a sua supremacia. Juarez Távora do Vale e Marcos Machado Borges, de saudosa memória, tinham o meu velho como intrépido “educador de cavalos redomões”, que não caía.

Felizmente assisti à mudança de meu pai e o vi domesticar um gigante manga-larga paulista, xucro na expressão do termo. Parece impossível, mas o alazão “Jeep”, que nunca havia entrado numa cocheira, foi “convencido” a entrar. Depois da primeira hora de aula, foi cabresteado num piquete. Tenho viva a imagem dos dois se entendendo e iniciando uma afetuosa amizade. Adeus para nunca mais às esporas, sangue e chibatas.

Reflexã diante das campanhas para acabar com a paixão nordestina que é a vaquejada e os movimentos a favor da sua manutenção, me pergunt os contras e a favor assistem às lutas de MMA? Sabem quantos lutadores morrem nos combates ou em decorrência deles? O mundo sabe, mas faz vistas grossas.

Está certo Ruy Castro quando hostiliza os algozes dos bois, mas não podemos ignorar a bestialidade entre homens e mulheres que se arrebentam nos ringues. Tudo bem; o corpo é do indivíduo, mas fica o exemplo de violência, que é extremamente nocivo.

João Eurípedes Sabino