POLÍTICA

"Perda para população é incalculável", afirma sindicalista sobre privatização dos Correios

Raiane Duarte
Publicado em 06/07/2021 às 20:25Atualizado em 19/12/2022 às 03:09
Compartilhar

A privatização dos Correios já era um assunto discutido e se tornou uma pauta, de fato, nesta semana. O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, afirmou em entrevista publicada nesta terça-feira (6), que o governo pretende privatizar 100% do capital dos Correios. A votação foi agendada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para semana que vem. 

Porém, a movimentação contrária à privatização também já teve início. Em entrevista à jornalista Gê Alves, da rádio JM, Wolnei Capoli, que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Similares de Uberaba e Região, afirmou que a classe não vê a causa como perdida e pontua que irão lutar contra a venda. 

Mas, em um cenário geral, é importante entender a atuação dos Correios. Afinal, o que faz a estatal? Capoli cita que, mesmo que a população não possua mais o hábito de escrever cartas, diversos serviços seguem sendo prestados, como a entrega de correspondências bancárias e claro, o transporte do e-commerce. São de 2,5 a 3 mil objetos qualificados entregues pelos Correios de Uberaba por dia. 

Com 358 anos de história, conforme Capoli, a empresa tem também uma forte atuação social. “Nós fazemos a logística das provas do Enem, das urnas eletrônicas,  participamos diversas vezes aqui em Minas auxiliando nas tragédias das enchentes de Belo Horizonte e região. O nosso trabalho social nos coloca nas favelas, nas cidades onde não há lucro e a gente trabalha com prejuízo e o que nos garante esse trabalho é justamente o subsídio aprovado em 324 cidades do Correios onde há lucro. Utilizamos o lucro dessas 300 e poucas cidades para viabilizar o trabalho em todas”, explicou o líder sindicalista. 

Conforme Wolnei Capoli, hoje muita gente entende a atuação dos Correios como um monopólio postal, onde não haveria concorrentes. “Pelo contrário, temos concorrentes, vemos o Mercado Livre, a VHL, aqui em Uberaba mesmo vemos pessoas não uniformizadas entregando em sua porta”, pontua. 

"Se comprarem os Correios eles vão comprar para ter lucro, a iniciativa privada quer lucro. Então em algumas cidades a gente entende que não vai ter distribuição, não da forma que conhecemos. A entrega tanto de cartas quanto de encomendas vai estar comprometida, então a perda para a população é incalculável”, explica. 

Capoli usa como exemplos cidades pequenas do Triângulo Mineiro, como Veríssimo ou Água Comprida, que seriam afetadas pela privatização. “O prazo e preço dos Correios é o melhor para essas cidades, a transportadora não vai sair daqui em tempo recorde para entregar, ela vai esperar juntar entregas”.  

O sindicalista ainda completa que não houve diálogo entre a classe e o Governo sobre a privatização e que os funcionários não sabem ao certo como ficarão caso a venda da estatal tenha prosseguimento. Aqui em Uberaba, segundo Capoli, são mais de 230 funcionários com suas respectivas famílias que dependem do serviço. 

Porém, o sindicalista reconhece que a empresa necessita de investimentos e cita que o último concurso foi em 2011. “Se é pra fazer algo nos Correios, nós temos que fazer uma moralização do serviço público”, finaliza.  Os sindicatos se organizam para um ato no dia 13, em Brasília, para pressionar os deputados contra a privatização. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por