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A política na ótica do humorista

Ridendo castigat mores. A frase latina explica o fundamento da comédia - rindo...

Mário Salvador
Publicado em 23/05/2017 às 18:34Atualizado em 16/12/2022 às 02:20
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Ridendo castigat mores. A frase latina explica o fundamento da comédia - rindo, corrigem-se os costumes. Diferentemente dos outros animais, o homem entende piadas: ele se reconhece no grupo social retratado nelas, ri dos próprios deslizes, reflete sobre seus atos e assim pode corrigir erros.

Embora nós, brasileiros, estejamos passando por situação histórica inédita, é bom que isso, enfim, esteja acontecendo. Uma vez cientes da lama que corria sob o tapete (e sobre a qual pouco sabíamos), conseguiremos passar o país a limpo. Depois da tempestade, esperamos não a bonança, mas uma boa mudança. E enquanto Brasília pega fogo e faz pipocar tanto assunto desse lamaçal de corrupção, humoristas aproveitam o prato cheio.

Os últimos acontecimentos lembram a sábia historinha: “Ao final de longa conversa diplomática travada por embaixadores de dois poderosos países, um deles previne: “Ou o seu gravador ou o meu, seguramente, está com defeito.” É ist quem é esperto já arranja um jeito de inventar que a gravação tem problemas, que ela não é confiável, a fim de que, se estiver mesmo acontecendo alguma gravação, ela não seja aceita como prova.

O curso da história já mudou várias vezes nos últimos tempos depois de gravações feitas em segredo virem a público. Um diálogo gravado pelo filho de um diretor da Petrobras, por exemplo, foi aceito como prova de obstrução da Justiça e levou para a cadeia o interlocutor - o ex-senador Delcídio do Amaral.

E agora, espantosamente, um diretor da JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo, apresentou gravação de extenso diálogo que tem dado dor de cabeça ao interlocutor - o Presidente Temer. Surpreende o fato de que, mesmo depois de tantas delações premiadas e gravações que levaram políticos para a cadeia, os políticos corruptos, de todos os calibres, ainda se descuidem em suas conversas. Afinal, virou moda: os envolvidos até o pescoço em falcatruas utilizam da artimanha de gravações e filmagens para, com elas, comprarem a diminuição da pena em delações premiadas.

Embora políticos ainda caiam nessas armadilhas, o povo, cansado de sofrer, ficou esperto. Um político garantiu: “Nos bolsos deste terno nunca entrou verba de corrupção.” Um cidadão acudiu: “Terno novo, hein, doutor?!”

 O Brasil quer começar de novo. Mas da melhor forma. Então, aproveitando a ideia de passar tudo a limpo, Presidente Temer bem que poderia nos presentear com uma revisão do que declarou Dom Pedro no Dia do Fic Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, digo ao povo que... renuncio.

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