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Aos fracos o rigor

Temos acompanhado nos últimos anos a um espetáculo recheado de denúncias de corrupções...

Gustavo Hoffay
Publicado em 18/05/2017 às 20:27Atualizado em 16/12/2022 às 13:17
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Temos acompanhado nos últimos anos a um espetáculo recheado de denúncias de corrupções passivas e ativas, prisões, inquéritos, processos, enfim, tudo isso originado a partir de comportamentos absolutamente estranhos de quem, ganhando a confiança de até centenas de milhares de eleitores em todo o Brasil, um dia, foi eleito para representar-nos no Congresso Nacional. O eleitor ou eleitora que tomasse consciência de haver cometido um descomunal erro no momento da efetivação do seu voto em algum candidato, bem que poderia ser autorizado a recorrer à Justiça Eleitoral e solicitar a esse que cancelasse aquele seu ato, por motivo de ter sido enganado pelo candidato eleito e de sua preferência, durante a sua campanha na busca por votos. Algum juiz do Superior Tribunal Eleitoral julgaria se o tal “voto arrependido” deveria ou não ser cancelado a partir de uma atitude, no mínimo, exemplar. Assim, todo político se conscientizaria ainda mais a respeito da fragilidade e transitoriedade do seu mandato e da condição expiatória do mesmo, então sujeito a um humilhante desaforo público e originado do grau de gravidade das suas faltas legislativas. Julgo que seria algo muito pior que a sua cassação por alguns anos pelo Congresso, pois eles teriam a sua cabeça raspada e, condenados, a cada quatro semanas passariam dez dias em total jejum; caso cedessem à tentação de reincidir em suas faltas e, principalmente, dada a decepção que causou-nos em relação a tudo o que deles esperava-se e enquanto investidos do poder que a eles, um dia, conferimos. Para entender a razão da proposta de tal severidade de disciplina, cada um de nós, eleitores, deveria recorrer à própria consciência e ao ponto de perceber o quanto é grave para o país a incapacidade e a falta de responsabilidade a partir de políticos que, simplesmente, usam e até abusam de seus respectivos mandatos e tendo por prioridade a resolução ou incrementos de causas próprias, enquanto tomados por um espírito narcisista, desfilam pelas ruas de alguns dos seus currais eleitorais, trazendo no bolso um pequeno recipiente de álcool-gel. O rigor de uma conduta política e acompanhada de perto pelos eleitores, certamente faria que o Brasil se colocasse ao lado das nações mais saudáveis, prósperas e justas do planeta, dada à fertilidade do seu solo, a riqueza da selva amazônica, à sua imensa costa, aos seus extraordinários recursos minerais e, principalmente, à sua brava gente. Ora, política é algo muito sério e útil a todos que dela esperam virtudes, decoro e muito trabalho de seus agentes. Uma outra forma de punição a políticos desonestos bem que poderia ser chibatadas em praça pública e ao som da gloriosa banda da Polícia Militar ou a comutação de suas penas, pelo Congresso, por uma ativa e constante participação dos mesmos a favor de entidades sociais, enquanto varrendo o chão das mesmas, limpando e higienizando latrinas ali existentes e tudo, claro, sob a vigilância de câmeras diversas. Ainda havemos de notar que reativar a estima e a confiança da grande maioria dos eleitores em relação aos políticos é tarefa cara para eles e árdua para os seus assessores e familiares. A verdadeira conversão de um político que prima por agir na contramão do muito que dele espera-se nas assembleias do povo é difícil de merecer o crédito popular, pois teria de vir acompanhada de mudanças de hábitos e comportamentos dignos de um representante à altura do povo que o elegeu. 

(*) Agente social

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