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Mãe e filhos

Eu sei que eu deveria estar falando de mãe. Todo mundo vai falar de mãe...

Julia Castello Goulart
Publicado em 13/05/2017 às 20:56Atualizado em 16/12/2022 às 13:23
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Eu sei que eu deveria estar falando de mãe. Todo mundo vai falar de mãe. Mas a maior parte das pessoas se esquece que toda mãe, por mais que elas sejam diferentes entre si, possui algo em comum, possui filhos (biológicos ou não), porque, caso contrário, elas não ocupariam esse posto. Por isso vou falar o que é ser filho. Dizem que mãe não nasce sabendo ser mãe, elas aprendem errando e acertando ao longo do caminho, nós, filhos, também. Nunca fomos filhos de ninguém antes e, por isso, vamos aprendendo que com choro nem sempre se consegue tudo. Praticamos essa maravilhosa técnica, por anos, até passarmos para a etapa da birra, e depois para a parte da revolta, do conflito na adolescência. Tem pessoas que se tornam tão bons filhos, que começam a conhecer suas mães tão bem, que saberiam dizer o que ela gosta e não gosta sem pestanejar, como também aprendem a esperar o momento certo para pedir algo que se quer muito.

Nossas mães nos dizem o quanto comportadas foram na adolescência, mas as avós não deixam a mentira se estender por muito tempo. Na adolescência aprendemos que possuímos mais das nossas mães do que gostaríamos, e que somos extremamente diferentes. Entramos em eternos conflitos e alguns passageiros. Nossas mães gostariam que fôssemos muitas coisas, muitas delas coisas que elas não foram e deixariam para nós. Por muito tempo ser filho é obedecer (quase tudo) ao que se manda, comer quase tudo que se coloca no prato. Mas, em um momento, nós filhos começamos a querer descobrir o mundo inteiro sozinho. Por terem vivido mais, as mães ficam receosas com nossos primeiros passos, nossas primeiras paixões, nossas primeiras escolhas.

As mães não querem que seus filhos se machuquem nunca. Muitas tentam deixar seus filhos em uma redoma intocável pelo mundo exterior. Mas, mais cedo ou mais tarde, algo acontece que nossas asas crescem e passamos a ter coragem de erguer voo, para sair do ninho. Às vezes caímos e nos machucamos. Elas avisam, sempre falando sobre as experiências delas e as dos outros. Mas nós não queremos aprender sobre o voo do outro, queremos voar com as nossas próprias asas. E assim tentamos várias vezes. Quando realizamos nossos primeiros sonhos, elas estão sempre do nosso lado, mas quando fracassamos em outros, elas também se mantêm.

Nós, filhos, aprendemos todos os dias com nossas mães, como conviver pode ser difícil, mas também pode trazer grandes momentos que levamos conosco pelo resto das nossas vidas, bons e ruins. Assim, como a vida, não somos o resultado apenas de somas, também somos feitos de subtrações. Ser filho é poder ter algo únic a divisão e multiplicação nos resultados. Dividimos nossas conquistas e nossas angústias, como multiplicamos nossos gostos, jeitos que nos assemelham a nossas mães. Ser filho é achar que, mesmo pelas chatices, é ser a pessoa mais sortuda do mundo, por ter a melhor mãe do mundo. Nós, filhos, somos uma parte do que somos, por elas... E, com certeza, uma parte delas surgiu por conta de cada um de nós. Porque dizem que, junto com um filho que nasce, surge uma outra parte da mulher, a mãe.

Minha homenagem de coração a todas as mães do mundo, que são mães mesmo com tantas dificuldades que enfrentam com seus filhos. Um parabéns especial à minha, que é com certeza a melhor mãe do mundo.

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