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O mártir tornado herói da república brasileira

Os colonizadores desejavam apenas as grandes riquezas das minas de metais e pedras preciosas...

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 26/04/2017 às 18:57Atualizado em 16/12/2022 às 13:46
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Os colonizadores desejavam apenas as grandes riquezas das minas de metais e pedras preciosas abundantes neste pedaço de chão batizado como “Minas Gerais”; os habitantes coloniais tentavam espelhar-se nos primeiros assumindo suas atitudes e internalizando seus valores, assim também se tornaram extrativistas: colher da terra tudo que ela oferecia de bom, belo e rentável. Este foi o começo desta relação entre escravos - a terra roubada que se tornava infértil e o homem estéril escravizado pela ambição.

A segunda metade do século XVIII foi cenário e palco de revoluções: americana, francesa e italiana com grande repercussão na américa portuguesa uma vez que os ganhos conseguidos pelas extrações permitia às famílias enviarem seus filhos para a Europa em busca de conhecimentos, ampliando a  compreensão comparativa e o nascimento de ideais progressistas. A carta que José Joaquim Maia e Barbalho escreveu para Thomas Jefferson – embaixador dos Estados Unidos na França, em 1786, sob o pseudônimo de Vendek –, onde solicitava apoio aos brasileiros dedicados ao ideal nascente e nacionalista de liberdade, comprova a atuação da juventude culta neste movimento separatista e independente. Os centros urbanos de São João d’El Rei, Sabará e Tejuco já apresentavam construções de dois pisos, com jardins terraceados, muitas igrejas barrocas com naves enriquecidas por altares de ouro e ornamentações opulentas. Há muito as cidades mineiras, “A pedra preciosa do Brasil”, deixaram de ser acampamentos mineiros sem atrativos. Em Vila Rica também se formou grupo de homens inteligentes que se encontravam regularmente para discussão de poesia, filosofia ou dos acontecimentos da Europa e Américas. Em suas qualidades de advogados, juízes, fazendeiros, comerciantes, emprestadores de dinheiro e membros de poderosas irmandades leigas, eles tipificavam os interesses diversificados, mas intensamente americanos da plutocracia mineira. São eles: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Francisco Gregório Pires Bandeira, João Rodrigues de Macedo, Alvarenga Peixoto, Carlos Correia de Toledo e Melo, cônego Luis Vieira da Silva, padre José da Silva Rolim, Abreu Vieira, Joaquim José da Silva Xavier, Silvério dos Reis e outros.

Em 1788, toma posse novo governador – Barbacena – que chega orientado a fazer valer o alvará de 3/12/1750 conhecido como “Derrama” pelo qual o povo de Minas era obrigado a garantir 100 arrobas de ouro anualmente à Real Fazenda, e, para completar esta cota, o povo deveria ceder todo o ouro extraído das minas às casas de fundição; se a quota ainda não ficasse completa, o povo deveria perfazer a diferença por meio de um imposto per capita sempre exato e inexoravelmente observado. Estes elementos estão na base do processo conhecido como “Inconfidência Mineira” (anualmente comemorado em 21/04).

(*) Psicóloga e psicanalista

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