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Lava Jato

O encarregado das licitações em uma estatal era inflexível e não se deixava subornar, agindo sempre...

Mário Salvador
Publicado em 18/04/2017 às 23:20Atualizado em 16/12/2022 às 02:25
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O encarregado das licitações em uma estatal era inflexível e não se deixava subornar, agindo sempre com ética. Quando ele lançou o edital para a construção de uma ponte, três grandes empresários se mostraram interessados: um alemão, um francês e um brasileiro. Disse o alemã “Construo a ponte por três milhões: um milhão para o material, um para a mão de obra e um como lucro.” Falou o francês: “Faço por seis milhões: dois pela mão de obra, dois pelo material e mais dois como meu lucro.” Por último, disse o brasileiro ao encarregado da licitaçã “Construo por nove milhões: três para você; três para mim, e com os outros três contratamos o alemão para fazer a ponte.”

A historinha lembra bem tanto as malandragens citadas em delação premiada na Lava Jato quanto aquelas descobertas pelas investigações. Com uma oferta dessas será que todo funcionário honesto continua inflexível? É por causa de empresários como o último e de funcionários que de repente deixam de ser inflexíveis que muitas empresas estão caindo num precipício, graças à ação benéfica do esquadrinhamento feito pela Lava Jato, que agora conta com a estarrecedora delação premiada de Marcelo Odebrecht.

Políticos e partidos políticos receberam uma dinheirama de empresários que não lhes repassavam dinheiro seu, mas oriundo de superfaturamento em obras, contando com a conivência de pessoas de dentro das empresas. Para se ter uma vaga ideia do rombo que as empresas fizeram na estatal, basta citar o acordo pelo qual uma das empresas envolvidas vai devolver cinco bilhões e trezentos milhões de reais à Petrobras. É tão inacreditável o ponto a que chegou a corrupção, que houve, dentro da própria Odebrecht, desvios até dentro da própria propina.

E como ainda há quem queira que o Brasil continue com o odiado jeitinho, a todo momento estouram escândalos financeiros, sempre envolvendo empresas públicas ou privadas dispostas a levarem algum lucro oriundo de dinheiro público. Por conta disso, um grande empresário afirmou que a Lava Jato está “inviabilizando a manutenção de empresas no Brasil.” Os brasileiros agradecem: empresas que fazem transações sujas precisam mesmo ser inviabilizadas.

O momento é de expectativa. Apesar de ser impossível banir a corrupção do mundo, a Lava Jato tem dado uma lição capaz de intimidar muitos corruptos e corruptores. Enquanto isso, humoristas aproveitam a crise, com a faca e o queijo na mão.

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