E a Emilly venceu o BBB...

Nos últimos dias tenho sentido nojo e enfado com o assunto dominante nos noticiários nacionais, onde tudo pode ser retratado com uma antiga música: “Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão...!”.

Assim, na falta de algo mais interessante, resolvi acompanhar o 17º BBB para ver se ele retrataria a realidade brasileira. E ele fielmente a retratou com a vitória de Emilly. Fiquei pensando em quem deve ter garantido os votos da vencedora e, com certeza, foram aqueles que se viram identificados com suas atitudes.

Os mais vividos avisaram que ela era estrategista, manipuladora e ardilosa. Desbancou homens e mulheres inteligentes como a simpática e raçuda paratleta Marinalva, a experiência de Ieda e o equilíbrio impecável da centrada Vívian que, aos meus olhos, não perdeu o equilíbrio momento algum durante os três meses que permaneceu na casa. Apaziguou, refletiu, flexibilizou, acolheu a inimiga, mostrou seus valores o tempo todo e nada disso lhe garantiu o prêmio final.

Emilly tripudiou anunciando-se melhor que os demais antes da hora. Humilhou e maltratou. Foi alertada pelos colegas de confinamento de que não sabia ouvir as pessoas, que era mandona e não colaborativa. Vitimizou-se, quando lhe convinha, com o luto recente pela morte da mãe. Quando não, divertia-se à vontade.

Aporrinhou Marcos (o cirurgião plástico seu namorado) com cobranças infantis o tempo todo e, no dia em que foi expulsa quase que por unanimidade por seu comportamento antissocial, a produção do programa criou a novidade de colocar a pessoa excluída naquele dia num outro lado da casa com tudo de bom e ainda escolhendo pessoas para levar consigo.

O namorado, que foi expulso por tê-la agredido, acabou lhe garantindo a simpatia do público e a “bagatela” R$1.500.000,00. Se não por isso, o que mais foi visto de valor nessa pouco mais que menina? Fico me perguntando, no cômputo final de sua vida, que efeito esta soma recebida fará no amadurecimento pessoal de alguém com suas características?

Isso não reflete em muito a situação atual do Brasil onde os errados, corruptos, tripudiadores da moral e dos bons costumes têm levado a melhor enquanto a grande maioria, que carrega esta nação com seu trabalho e suor, é explorada e vilipendiada em seus direitos?

 Vera Lúcia Dias

Professora e mestre em Psicologia Clínica