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O duplo que amplia oportunidades

Nos primeiros anos da Era Cristã nasce em Tarso, na Galícia, uma criança que recebe dois nomes...

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 12/04/2017 às 20:29Atualizado em 16/12/2022 às 02:26
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Nos primeiros anos da Era Cristã nasce em Tarso, na Galícia, uma criança que recebe dois nomes: Saulo e Paul dupla identidade, que possibilita pertencer ao mundo hebraico como Saulo e ao romano como Paulo. Essa possibilidade era fruto de relevados serviços prestados por judeus aos romanos ou pelo investimento de elevada soma financeira para a obtenção do direito de também pertencer ao mundo romano. Assim começa a vida de Saulo/Paulo, figura de importância ímpar na história do cristianismo em sua caminhada expansiva.

Seus primeiros anos de vida transcorreram no seio da comunidade judaica, onde frequentou a escola da sinagoga, entrando em contato com a Bíblia, livro sagrado e fonte de todas as informações necessárias aos judeus de todos os tempos. Em Jerusalém, Saulo estudou no Templo de Salomão, reedificado por Herodes Agripa, o governador da Palestina.

Por diferença de alguns anos, Saulo não encontra Jesus na Galileia ou em Jerusalém, mas talvez lhe tenha chegado aos ouvidos o nome do Rabi de Nazaré. Enquanto permanece em Tarso, ocorrem grandes eventos do cristianism desde 26, Jesus anuncia o Evangelho; entre 28 e 30, datam-se sua morte e ressureição. Quando Saulo chega a Jerusalém, em 29, os 120 discípulos de Jesus, reunidos desde a Ascensão, haviam se tornado mais de 5.000, em fecundo trabalho de divulgação dos fatos e falas do líder Jesus.

Saulo ainda não acreditava que ele fosse o Messias tão esperado! O que transtornou radicalmente a vida de Saulo e o converteu de perseguidor do cristianismo no mais ardoroso apóstolo ocorreu pelos caminhos de Damasco, na Síria. Depois de uma marcha cansativa por estradas desérticas, Saulo está próximo a Damasco quando vê uma grande luz. Caindo por terra, ouve uma voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Saulo pergunta: “Quem és Tu, Senhor?”. Este respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te e entra na cidade. Lá saberás o que deves fazer”. Neste momento, Saulo estava cego, tendo que ser guiado pelos que o acompanhavam. Nos três dias seguintes, Saulo permanece em silêncio, sem ingerir alimentos, profundamente absorvido pelos pensamentos internos, talvez em orações. Obedecendo a ordens do Senhor, o discípulo Ananias se dirige à casa onde se encontra Saulo e põe suas mãos sobre a sua cabeça. Neste momento, a cegueira acaba e Saulo é batizado. Depois de um tempo de recolhimento no deserto, elaborando a revelação recebida de acordo com todos os preceitos anteriormente assimilados, Saulo consegue produzir uma síntese conciliatória entre a fé em Cristo e as exigências da razão – a teologia paulina –, o homem busca a união com o espírito perfeito, a “grande realidade”; Jesus ganha o apelativo Christos, que significa o Ungido.

(*) Psicóloga e psicanalista

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