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Alzheimer e saúde

Uma amiga médica enviou-me, via WhatsApp, vídeo muito convincente de um colega seu...

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 11/04/2017 às 20:09Atualizado em 16/12/2022 às 14:04
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Uma amiga médica enviou-me, via WhatsApp, vídeo muito convincente de um colega seu, Fabiano Moulin, neurologista, em que ele discorre a respeito do mal de Alzheimer, sob a ótica de sua incidência e fatores externos que colaboram para uma maior prevalência em países como o Brasil e em menor índice, como no Japão. Explica que, além do determinismo genético, há os componentes de uma sociedade onde os indivíduos têm maior ou menor acesso à educação, alimentação balanceada, atividade física regular. Exemplifica que se uma pessoa aprende outro idioma, ela retarda em cinco anos a possibilidade de ter Alzheimer; com atividade física, reduz em 50% a chance de contrair a doença, e com menos carboidrato na alimentação, em 30%. Por esses trechos do vídeo, é possível estender essa lúcida reflexão para dimensionar o que é saúde em seu conceito mais amplo, e não apenas enquanto algo ligado a tratamento, diagnóstico, medicação... Permito-me na condição de cidadão, cuja formação não é em Ciências da Saúde, alinhar-me ao que disse o Dr. Fabiano, no sentido de que sua concepção possibilita entender saúde pública como instrumento de transformação de uma sociedade, se vista em seu campo macro, envolvendo o compromisso com educação de qualidade, saneamento básico, habitação, transporte, lazer, segurança. Podemos dizer que tudo isso é saúde. Quanto mais eficaz e de comum acesso a todos esses quesitos essenciais à cidadania, mais sadio será o povo e, por consequência, mais sadio será o país. A noção de saúde pública adquire maior abrangência e deve estar sintonizada com essas diversas áreas para interagir e buscar melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo poder público. Argumentos como os do Dr. Fabiano sobram evidências de que o indivíduo, quando adoece, não é apenas por um acometimento intrínseco, mas em muitos casos tem como indutor aquele que justamente seria o responsável por lhe possibilitar melhor condição de saúde, que é o Estado. Estado esse que deve expandir a Saúde nas diversas áreas elencadas acima, para melhorar a qualidade de vida e, dessa forma, cumprir o seu papel de parceiro da saúde, e não da doença de sua gente. Para exemplificar: se se oferece baixa educação, está lhe tirando saúde. Não existe compensação nessas ofertas. No caso, quanto mais e melhor é oferecido, melhor é. Quanto menos, menos saúde.

(*) Engenheiro

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