ARTICULISTAS

Que papelão!

Caro amigo leitor, aqui estou novamente, para alegria de muitos e tristeza de uns poucos...

Leuces Teixeira
Publicado em 30/03/2017 às 20:00Atualizado em 16/12/2022 às 14:18
Compartilhar

Caro amigo leitor, aqui estou novamente, para alegria de muitos e tristeza de uns poucos. Vamos caminhando, parafraseando Dom Paulo Evarist caminhar é preciso.

Tenho o maior respeito e admiração pela Polícia Federal, que tem feito um serviço exemplar, combatendo o crime organizado, doa a quem doer. A operação Lava Jato não me deixa mentir; em três anos de existência já colocou muita gente na cadeia. De tabela, meus cumprimentos ao Ministério Público Federal e à Justiça Federal. Quem poderia imaginar, nós, o povo brasileiro, deparar com a nata da construção civil encarcerada; dentre outros poderosos, diga-se Eduardo Cunha, José Dirceu, Vacari, etc.

Todavia, em qualquer instituição, departamento, órgão, seja lá o que for, tem os bons e os maus; é mandamento bíblic onde a mão do homem habita, com toda certeza, a imperfeição, o ódio, a maldade, o orgulho, a vaidade, a rivalidade, enfim, todas as mazelas marcam presença.

Particularmente, nesse episódio denominado “Carne Fraca”, a coisa descambou de uma maneira que a normalidade vai demorar e muito para voltar. Falo e escrevo com base no que tenho lido e ouvido, mas que o estrago foi feito ninguém duvida.

E digo mais, colocando o dedo na ferida: entendo que a comunicação das autoridades envolvidas não foi nada republicana, ou seja, meteram os pés pelas mãos, bateram cabeça!

Ora, de um simples diálogo interceptado, em que a conversa flui se vai usar ou não embalagem de papelão ou de plástico, ou outro material similar, a coisa foi transportada no sentido de colocar papelão na feitura de alguns alimentos; vejam bem como o rumo da conversa transmudou e como foi colocada para o consumidor e transmitida para todo o planeta. Hoje, todos, em sã consciência, entendem e compreendem a velocidade da informação no mundo on-line – via internet. Em questão de segundos – repito, de segundos –, a notícia viajou como um míssil.

O amigo leitor sabe que advogo no âmbito criminal por quase um quarto de século – 25 anos –, diuturnamente; já presenciei cada coisa que o capeta, o diabo, o caramunhão, não acredita.

Participei, como advogado, de um caso aqui, da terrinha, em que mãe e filha foram acusadas da prática de um aborto e de ter jogado o feto dentro de um vaso sanitário. Naquela oportunidade, mãe e filha foram duramente agredidas dentro do presídio. Tão somente em juízo criminal, depois de mais de 90 dias presas e com o depoimento de um médico renomado da cidade, esclarecendo que a mencionada gravidez era coisa impossível de acontecer, é que veio a liberdade das acusadas. A mãe perdeu grande parte da visão dentro do cárcere, sabem-se lá as razões. Foram a júri popular e absolvidas por negativa de autoria, traduzind sequer houve gravidez, crime impossível!

Até hoje, muitas pessoas, em vários lugares, inclusive em sala de aula, perguntam se fui o advogado das aborteiras do bairro São Benedito. Sinto uma tristeza incontida e imensurável, já sofri e chorei muito, tendo em vista a dúvida, se houve ou não aborto, por parte das pessoas que não conheceram a verdade dos autos, a maledicência de uma investigação mal conduzida!

Lembram-se dos irmãos Naves? Depois de 14 anos, apareceu o “defunto vivo”; lembram-se da escola base em São Paulo? Tanto nos casos citados como no da “Carne Fraca”, vários papelões virão. A flecha lançada, solta, nunca volta ao lugar de origem. Foi-se, não volta mais. Tenho dito!

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por