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Carta

A carta já foi meio de comunicação usual; e o carteiro, figura popular no seu setor de trabalho...

Mário Salvador
Publicado em 01/03/2017 às 07:24Atualizado em 16/12/2022 às 14:55
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A carta já foi meio de comunicação usual; e o carteiro, figura popular no seu setor de trabalh não só era conhecido por todos, como conhecia todas as pessoas e o endereço delas. Ainda tenho diversas cartas que recebi ao longo da vida. Coisa de museu. Eu também escrevi cartas, quando jovem, para parentes de Araguari, minha cidade natal. Era curioso que, naquele tempo, todas as pessoas começavam as cartas assim: “Escrevo-lhe estas mal traçadas linhas...”

É dessa época de cartas manuscritas a letra da música “Mensagem”, de Cícero Nunes: “Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão...” A pessoa que recebeu a carta preferiu rasgá-la e queimá-la sem a ler. Eis o porquê: “Vendo o envelope bonito, no seu sobrescrito, eu reconheci a mesma caligrafia que me disse um dia: Estou farto de ti!”

Também, não raramente, havia nas cartas um pedido de desculpas pela caligrafia. Era a época de cartas escritas à mão, com letra cursiva. Mas muitas eram escritas com letra primorosa, treinada em caderno de caligrafia, invariavelmente adotado pelas escolas. Só quando surgiu a máquina de escrever é que o pedido de desculpas foi abolido. Hoje, crianças estão livres do livro de caligrafia e também do antecessor dele, o caderno de caligrafia. Para muitos, foi inútil fazer caligrafia, mas para o genial Steve Jobs, ter feito curso de caligrafia por vontade própria foi crucial para termos em nossos computadores todos aqueles tipos de letras. Na verdade, para se ter letra manuscrita bonita, mais vale o cuidado ao traçá-la do que o preenchimento de diversos cadernos de caligrafia.

Mas, como a carta, a letra cursiva também pode estar com os dias contados. Em muitos países desenvolvidos só se usa letra de fôrma.

Com o advento de computadores e celulares, a comunicação passou a ser instantânea. E a substituição da carta por e-mail e por mensagens de celular deixou a vida moderna muito mais fácil.

Mesmo com tanta modernidade, o trabalho dos carteiros continua imprescindível; os materiais com que trabalham é que diversificaram. São documentos, cartões, contas, compras e até algumas cartas. Dentre as últimas, é fato que algumas nos chegam sem serem solicitadas, geralmente com algum presentinho, muitas vezes com o nome do destinatário nele gravado... e um boleto que corresponde ao valor do objeto. Claro, o carteiro não tem culpa disso.

Já os cartões de Natal, antes enviados em profusão, estão praticamente aposentados. Hoje há formas mais interessantes de se desejar feliz Natal. Porém a cartinha de pedidos para o Papai Noel ainda sobrevive. E os Correios têm feito bonito, sendo mediadores entre pessoas generosas que queiram se tornar Papai Noel, e as crianças pobres que fazem seus pedidos ao Bom Velhinho por carta.

Futuramente, algum cronista por certo tratará dos meios de comunicação cuja criação ainda nem é cogitada hoje. E não duvido que os meios de comunicação que agora são top de linha se tornem um dia totalmente obsoletos. Nossos luxos de hoje poderão ser peças de museu amanhã. Ou não.

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