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Feliz dele

Depois de assimilar os ensinos da Histologia Geral, imprescindíveis para entender a Histologia Dental...

Manoel Therezo
Publicado em 20/02/2017 às 08:20Atualizado em 16/12/2022 às 15:04
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Depois de assimilar os ensinos da Histologia Geral, imprescindíveis para entender a Histologia Dental e suas informações sobre os tecidos que constituem os dentes, julguei que escrever um livro, seria muito mais fácil. Assim concebendo, me pus a escrevê-lo. Foi dolorosa decepção. Os excessos de meus detalhes, a impressão realizada com letras enormes, todo impresso em tinta não a laser, nocautearam o meu primeiro livro. Reeditá-lo é uma justiça que lhe devo. A experiência me será vanguarda nessa ocasião. Transcrevo um trecho extraído do referido livro, para lhe dizer de uma profunda filosofia que ouvi de uma criatura demais simples, muito longe daqui. Sem bem avaliar o que poderia me acontecer, ao escrevê-lo, fui me colocando de volta ao tempo da minha infância e ao tudo que sofremos. A inexperiência e o impulso de escrevê-lo, me foram deixando preencher páginas e páginas. Assim aconteceu: No silêncio de muitas madrugadas frias, sobre o papel me debrucei chorando. O coração magoado quis parar – mas, a fibra que lhe deu extraordinária mãe que um pesado tributo do Céu a levou para o Além, não permitiu que eu parasse – e, não parei. O tempo já se perde na soma dos dias em que me recordei das muitas coisas que me fizeram o coração sentir porque, em nada ele se difere dos outros corações Em diversos momentos, a mão é obediente ao que o coração determina. Ele é o Imperador, o Mandante – mas, mesmo impondo ordens e ditando normas, por tantas e tantas vezes, chora também. As lágrimas que nos escapam, são os “ais” que ele soluça. Em noites quietas e no silencio delas, ferido por aquelas lembranças, solucei magoado e para aumentar a minha tristeza, subitamente faleceu meu irmão, meu (grande amor). Todos os nossos irmãos são nossos grandes amores – mas, aquele com o qual o coração mais se apega, os ensinamentos nos tem feito compreender, que são duas almas companheiras dos muitos e repetidos convívios. Senti demais aquela perda. Na minha saudade, o procurei por onde sempre juntos estávamos. Tudo me era esperança que logo se tonava vazia. Sabia que frequentava uma casa de orações. Minha esposa e eu, estivemos lá. Entramos na fila dos que já estavam para cumprimentarem dona Lenita Abrão, (médium consciente) daquele centro de orações. Nada lhe falei do falecimento de meu irmão. Ela sequer sabia disso – muito menos que éramos irmãos. Ao nos despedirmos, falou-me: “Seu irmão está me dizendo aos ouvidos, que depois lhe sugere o nome para o seu livro”. Livro? Quem está pensando nisso? Cada coisa que se ouve por aqui, comentamos. Pois bem... Um ano depois, o livro estava quase pronto e sem nome. Que extraordinário recado... Numa madrugada, já nem mais me lembrava do que me havia dito aquela senhora, o nome para o meu livro me veio à mente: Uma vida e coisas que escrevi. Não faz muito, manifestando a minha saudade a uma criatura demais simplória, sentado nos calcanhares, de cabeça caída sobre o peito, com um pedacinho de madeira riscando o chão sem nenhum sentido, timidamente me falou: “Compreendo a sua saudade. Mas meu amig Saudade existe pra isso mesmo. Saudade existe pra gente sentir”. Grande verdade... Grande verdade... Mas, feliz dele... Feliz dele, que não sentia a minha saudade.

Extraído com redução do livr Uma vida e coisas que escrevi.

Manoel Therezo.

Prof. “Emérito “da Faculdade de Odontologia. Ex-Vice Diretor Geral das Faculdades Integradas de Uberaba- FIUBE-portaria5/76

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