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Ministérios

Presidente Michel Temer criou (ou recriou) alguns Ministérios. E entregou um deles aos cuidados...

Mário Salvador
Publicado em 14/02/2017 às 18:48Atualizado em 16/12/2022 às 15:11
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Presidente Michel Temer criou (ou recriou) alguns Ministérios. E entregou um deles aos cuidados do amigo Moreira Franco, citado várias vezes na Lava-Jato. Segundo as más línguas, a indicação objetiva ajudar o amigo, que passaria a ter foro privilegiado. Para disfarçar a finalidade da criação do Ministério e da indicação do amigo, o presidente Temer deixou claro, mais de uma vez, que Moreira Franco já ocupava cargo equivalente. Estamos entendendo.

É comum os governos municipal, estadual e federal serem forçados a gerar cargos para acudir a clientela e pagar favores políticos. Nessa hora, os governistas se esquecem da situação de seu caixa, muitas vezes abaixo de zero. Exemplos de Estados que vivem esses tempos difíceis são Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Aliás, algumas cidades do Triângulo Mineiro já decretaram estado de calamidade pública.

No governo do presidente Lula, os Ministérios chegavam a trinta e nove. Humoristas, sempre pegando no pé dos políticos, tinham certeza de que o número quarenta só não seria criado para que não fosse feita nenhuma analogia com a história Ali Babá e os Quarenta Ladrões. E não é que o quadragésimo Ministério não foi mesmo criado?! Mesmo assim, a história foi lembrada.

O Brasil já conseguiu caminhar com menos de dez Ministérios. O Ministério da Defesa, por exemplo, abrangia Exército, Marinha e Aeronáutica. Ministério três em um. E havia o Ministério do Trabalho e Previdência Social. Mais o Ministério da Educação e Cultura. Os Ministérios que se multiplicaram, ao longo do tempo. Talvez até se justifiquem as multiplicações, porém não era preciso exagerar, chegando a trinta e nove! Nas Prefeituras de todo o país, de forma geral, acontece o mesmo, já que Secretarias são criadas, mas não com a finalidade de melhorar a gestão do setor abrangido pelas novas pastas.

Embora Ministérios sejam criados e Ministérios sejam defenestrados, pelo menos um que causou polêmica e teve vida curta deveria ser ressuscitad o da Desburocratização. Esse Ministério valorizava o cidadão, quase fazendo os brasileiros voltarem ao tempo do “fio de bigode”, em que a palavra empenhada valia entre as partes. Porém o ministro Hélio Beltrão mexeu em vespeiro, sendo, por isso mesmo, picado por um milhão de abelhas, justamente aquelas que voavam – e voam – em atmosferas tranquilas do enriquecimento.

O Ministério da Desburocratização acabaria com diversos outros, apontando falhas e ensinando o Governo a gastar menos, afinal, muitas tarefas executadas por diversos Ministérios podem ser delegadas a apenas um. É por isso mesmo que não há interesse do Governo na criação desse Ministério.

Desta forma, fica fácil governar: a ordem é ter muita gente no Governo, gastando o que ele não tem, endividando o país ao máximo e passando ao sucessor um rombo que pode ser chamado de calamidade pública, o que constitui ótima desculpa para não pagar salários de servidores, credores, fornecedores e afins. É essa a realidade na vida pública, com raras exceções.

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