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Falando de estresse ainda

O estresse é um fato inevitável na existência de alguns indivíduos. Segundo o manual psiquiátrico...

Sandra de Sousa Batista Abud
Publicado em 19/01/2017 às 20:22Atualizado em 16/12/2022 às 15:38
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O estresse é um fato inevitável na existência de alguns indivíduos.

Segundo o manual psiquiátrico, o transtorno ocorre no “despertar do trauma”.  O trauma é um evento extremamente assustador, que pode ser causado por experiências pessoais como testemunho ou iminência de morte, ferimentos graves, ameaça à integridade física própria ou alheia, sendo maiores fatores de risco para o desencadeamento da patologia fatos como combate de guerra, estupro, homicídio, acidentes de carro, incêndios e desastres naturais como furacões, inundações e terremotos.

Nos dias atuais, o transtorno é caracterizado oficialmente por três conjuntos de sintomas: revivência do evento através de memórias intrusivas e sonhos; esquiva e isolamento social, em que o sujeito foge de situações, contatos e atividades que trazem de volta as lembranças dolorosas do trauma; e hipervigilância, onde o indivíduo se assusta facilmente, dorme pouco e está sempre em alerta contra possíveis ameaças. Para o diagnóstico da patologia é necessário que os sintomas durem em torno de 30 dias.

Pesquisas publicadas em 2002 nos Estados Unidos revelaram que o tempo é suficiente para curar feridas psíquicas como as causadas pelo ataque ao World Trade Center.

Pessoas pouco ansiosas, tolerantes à frustração, as quais sabem lidar melhor com os sentimentos de culpa, raiva ou emoções desagradáveis, são menos propensas a sofrer de TEPT após passar por um trauma.

Assim como somente o trauma é insuficiente para desencadear o transtorno, também não é imprescindível ter passado por uma situação traumática para desenvolver o estresse. Trabalhos recentes sugerem que o padrão de sintomas que revelam a patologia pode emergir de agressões que não envolvam perigo físico, em desacordo com a definição clínica. Assim, alguns autores sugerem que o diagnóstico de TEPT possa ser feito com base nas reações de ansiedade de quem passou por eventos estressantes, mesmo que não tenham sido aterrorizantes, tais quais desenlaces, desemprego ou perda de uma pessoa ou mesmo animal muito querido. Neste contexto, estudos da Universidade de Harvard falam de diagnósticos que se expandem tanto, a ponto de tornar impossível a caracterização precisa do transtorno. Pesquisas recentes levantam a possibilidade de que o TEPT seja aflição menos distinta e específica do que se pensava e que seus sintomas podem surgir em resposta a uma infinidade de fatores estressantes intensos, que são parte da condição humana. Então, não há necessidade de viver algo terrível para adoecer. Fatores, como experiência, momento de vida e crenças tanto conscientes quanto inconscientes a respeito de nós mesmos e do mundo, poderiam ser determinantes de estresse.

(*) Psicóloga Clínica

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